Uma quadrilha especializada em furtos a prédios e condomínios em Juiz de Fora, com atuação principalmente de mulheres, está sendo investigada pela equipe da 1ª Delegacia Distrital de Polícia Civil. Conforme o inquérito, o grupo seria o responsável pelo furto de mais de R$ 1 milhão em joias e objetos levados de um apartamento na Avenida Rio Branco, em 21 de abril deste ano.
Conforme o titular da unidade policial, Eduardo de Azevedo Moura, o grupo atua arrombando a porta dos apartamentos com uma chave de fenda. Primeiro, a rotina dos moradores é observada e, quando não há ninguém na residência, o crime é cometido. A suspeita é de que também haja a facilitação de entrada nos prédios.
No caso do apartamento da Rio Branco, os policiais têm imagens que mostram o momento em que duas mulheres suspeitas aparecem entrando e saindo do edifício, agindo naturalmente. O crime foi cometido quando os moradores estavam viajando e, ao retornarem, foram informados por parentes a respeito do furto. A vítima, um engenheiro civil, de 56 anos, relatou à polícia, na época, que foram furtados joias, roupas e outros pertences. Somados, os materiais levados valeriam R$ 1,3 milhão.
De acordo com o delegado, a atuação da quadrilha veio à tona com um levantamento realizado pela unidade policial em cerca de 1.500 ocorrências, que englobam casos atuais e antigos. “Neste monitoramento dos registros, detectamos delitos referentes à questão da invasão de prédios e condomínios. Tudo aponta para que essa quadrilha seja de fora da cidade, pois, apesar das imagens que temos, elas não foram identificadas”, pontua o delegado.
A investigação também demonstra que o mesmo grupo é responsável pelo furto a um apartamento na Avenida Presidente Itamar Franco, no Bairro São Mateus, em junho de 2014, quando duas mulheres entraram no prédio e acessaram o apartamento de onde levaram 3.600 dólares, 500 euros e R$ 5.300 , além de anéis de ouro, cordões de prata e pulseiras e braceletes de prata. Segundo a polícia, neste caso, a dupla de mulheres suspeita não é a mesma do furto no Alto dos Passos. As imagens também mostram ambas passando pelo porteiro, agindo com naturalidade.
Denúncias
Eduardo de Azevedo Moura destaca que a quadrilha não atua em Juiz de Fora somente no dia do crime. “Essas pessoas vêm de fora. Elas fazem um levantamento prévio e acabam ficando na cidade, usam restaurantes e abastecem o carro. Assim, precisamos da ajuda da comunidade para receber denúncias a fim de que consigamos chegar até elas, que possivelmente são de outro estado. Tudo aponta que a origem do grupo é São Paulo, mas essa informação ainda será confirmada. Temos as imagens dessas mulheres e buscamos informações para rastrear a entrada e a saída delas na cidade”, afirma o policial, lembrando que denúncias podem ser feitas à delegacia pelo telefone 3229-5894. A intenção é que testemunhas possam ir à unidade policial e fazer o reconhecimento das suspeitas por meio das imagens.
Segundo a Polícia Civil, ainda não é possível dimensionar o número de vítimas lesadas no município. “Nosso objetivo é identificá-las de forma rápida para por fim aos crimes cometidos por essas mulheres. Tudo indica que, primeiro, elas escolhem a cidade, fazem um estudo e, de tempos em tempos, voltam à mesma cidade para praticar o crime. A finalidade é dar um intervalo entre os furtos, justamente para dificultar a identificação do grupo”, finaliza o delegado.
Golpe do interfone
Além desses grandes furtos, a delegacia trabalha para identificar e prender bandidos que estão atuando em outra modalidade de crime que vem acontecendo em Juiz de Fora, no qual, mesmo sem querer, os próprios moradores facilitam o acesso aos edifícios. “Já prendemos um criminoso, cuja tática era apertar o interfone e se passar por um morador, dizendo que estava preso no hall do prédio. Ao acreditar na história dele, a vítima abria a porta, e o suspeito entrava no prédio”, relata o titular da 1ª Delegacia Distrital, acrescentando: “Apelamos para os moradores terem cautela, não acreditando de imediato em quem está na outra ponta do interfone. Também alertamos os pais, pois as crianças ficam empolgadas e atendem o interfone sem cuidado. Hoje há aparelhos automáticos, quando a pessoa atende, já abre a porta direto. Então as crianças devem ser orientadas para a proteção de toda a família”, adverte Moura.
Por Marcos Araújo
Fonte: Jornal Tribuna de Minas - 28/05/2015