Doenças provocadas pelo Aedes aegypti preocupam síndicos juizforanosNotícia publicada no dia: 15/03/2016
Aparência nada inofensiva
Doenças provocadas pelo Aedes aegypti preocupam comunidade condominial de Juiz de Fora
O Aedes aegypti mede apenas 5 milímetros, tem aparência inofensiva, cor café ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas. Por conta dessas características costuma ser confundido com um mosquito comum, o que faz com que muitos baixem a guarda e parem de se preocupar em combatê-lo. O resultado não poderia ser pior: a grave epidemia de dengue que assola o país.
A afirmação sobre o caos na saúde pública provocado pelo Aedes aegypti não é feita em vão, uma vez que dados da Fundação Nacional de Saúde – (FUNASA) estimam que um percentual de 90% dos focos do mosquito encontram-se nas residências, o que inclui os condomínios. O problema é tamanho que, em 2015, o Brasil contabilizou o expressivo número de 1,6 milhão de infectados – apenas com o vírus da dengue, já que a fêmea do mosquito Aedes aegypti também transmite o Zika Vírus, a Febre Amarela e Chikungunya –- em todo o território nacional.
Rosângela Ferreira, que é síndica do Edifício Acapulco, no bairro Altos dos Passos, que o diga. Ela conhece bem os estragos da picada desse minúsculo mosquito. Diagnosticada com dengue por duas vezes, ela afirma que, desde 2010, combate o mosquito Aedes aegypti. “O maior desafio é conscientizar os moradores e os próprios funcionários sobre os riscos da doença e da necessidade de se evitar a proliferação das larvas, pois ainda existe muita resistência das pessoas em aceitar a visita dos agentes de endemias, bem como em saber que o síndico está de olho em qualquer possível criadouro do Aedes aegypti”, afirma.
Apesar das dificuldades, Rosângela diz que não abre mão de pedir aos condôminos e aos vizinhos do bairro que colaborem nessa batalha. Como exemplo de ações de combate aos criadouros do mosquito promovidas por ela, destaca a troca do antigo telhado de amianto, que acumulava bastante água nas calhas, por um telhado galvanizado, a compra de duas novas caixas d’ água, a realização da limpeza completa nas paredes do reservatório de água e a colocação de telas, além de água sanitária e cloro, nos ralos das áreas comuns e nas garagens.
“Três vezes na semana fazemos uma vistoria completa no prédio para verificar se está tudo em ordem e se todos os moradores e funcionários estão tomando os cuidados necessários. Com relação aos moradores das residências e condomínios vizinhos, Rosângela afirma que os aconselha sobre a importância de chamar a responsabilidade para si e também de cobrar uma postura firme das autoridades públicas, denunciando qualquer morador que crie empecilhos nas vistorias de possíveis irregularidades.
De fato, no caso dos condomínios, a situação fica mais complicada de se controlar devido à maior concentração de pessoas e à diversidade de locais onde o mosquito pode se reproduzir. Por isso, diante do crescente número de pessoas infectadas e o expressivo aumento de óbitos, os especialistas alertam que é fundamental os síndicos e os moradores averiguarem as calhas, as lajes e até os objetos largados em sacadas e áreas de circulação dos prédios. É que se não forem bem limpos e, com o acúmulo de água, podem se transformar em potenciais criadouros do mosquito Aedes aegypti. Todo esse cuidado justifica-se porque os ovos do Aedes aegypti podem eclodir mesmo após 45 dias sem água e, pasmem, até um papel de bala no chão pode servir de abrigo para as larvas.
Sempre é válido lembrar que não existe tratamento específico para dengue e as demais doenças Zika vírus e Chikungunya, apenas cuidados que aliviam os sintomas. Recomenda-se ingerir bastante líquidos como água, sucos, chás e soros caseiros. Não devem ser usados medicamentos à base de ácido acetil salicílico e anti-inflamatórios, como aspirina e AAS, pois podem aumentar o risco de hemorragias.
Cuidados em seu condomínio
O ano mal começou e Juiz de Fora já enfrenta a maior epidemia de dengue de sua história. Conforme dados da Secretaria de Saúde até o momento já são 2.253 casos da doença provocados pelo mosquito Aedes aegypti e nove óbitos. De acordo com a chefe do Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Saúde de Juiz de Fora, Michele Freitas, as regiões com maior incidência dos focos do mosquito Aedes aegypti encontram-se na região Oeste, Cidade Alta, região Sul (Estrela Sul), bairro Bom Pastor e nos granjeamentos em todas as regiões da cidade. Por isso, diante da suspeita de focos em algum apartamento ou na vizinhança, o indicado é que o síndico ou morador entre em contato pelo telefone (32) 3690 72 90.
Recebida a comunicação ou a denúncia, serão enviados agentes de endemias. No caso de recusa do morador ou do síndico em autorizar a vistoria, o agente de endemias registra o ocorrido e comunica ao seu supervisor. Este fará uma nova tentativa de vistoria acompanhado do agente. Ao persistir a recusa do morador ou do síndico será acionada a fiscalização que irá adotar as medidas legais de acordo com o Código de Posturas do município.
Segundo Michele Freitas durante as visitas são checados todos os lugares que acumulem água ou possam vir a tornarem-se criadouros em potencial como: caixa de captação de água de chuva, calhas, ralos externos, caixa d’água, vasos de plantas, bromélias e pingadeiras, chafariz, banheiros em desuso, compartimento de geladeiras, quintais sem manutenção e piscinas. Os mutirões de limpeza têm sido realizados normalmente em parceria com o DEMLURB nas Regiões Sul, Sudeste e Leste.
Além do trabalho em campo feito pelos agentes de endemias e os mutirões de limpeza, o poder municipal firmou uma força-tarefa com o Exército Brasileiro, que está auxiliando as equipes de agentes nas visitas. Têm sido ainda distribuídos panfletos e cartazes aos moradores, bem como promovidas palestras e teatros educativos nas empresas e escolas. Carros fumacês também estão previstos para circular nos bairros com maior número de notificações. Os bairros inicialmente atendidos foram: Alto dos Passos, Bom Pastor, São Mateus, Santa Cecília e Santa Luzia. Já os mutirões de limpeza têm sido realizados normalmente em parceria com o DEMLURB nas Regiões Sul, Sudeste e Leste.
A instalação do Centro de Hidratação da Dengue (CHD) no PAM Andradas é outra medida para assistir a população. Aberto desde meados de fevereiro, o CHD funciona 24 horas e conta com uma equipe de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagens. Ao todos são disponibilizados 20 leitos para acamados e 60 cadeiras para hidratação. Segundo Michele Freitas, a expectativa é ampliar a assistência aos pacientes que apresentem os sintomas das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. “Colocamos também à disposição dos pacientes o kit Dengue no qual o paciente poderá fazer o tratamento em casa com soro por 48 horas e medicamento contra dor”. Recentemente, foi aberto outro Centro de Hidratação da Dengue, na Zona Norte, na Policlínica de Benfica.
Michele Freitas complementa que a população pode colaborar com a Prefeitura no combate ao mosquito Aedes aegypti sendo um morador vigilante, dedicando 10 minutos por dia na sua residência, e, principalmente, após as chuvas. Receber o agente de endemias por ser a pessoa mais capacitada para indicar os possíveis riscos dentro do seu condomínio e residência já é um grande passo, afirma. E finaliza dizendo: “Com a participação da população temos certeza que venceremos esta batalha contra o Aedes”. Michele Freitas também ressalta que a preocupação de síndicos e moradores de condomínios é maior somente no período crítico da epidemia. O que não deveria acontecer, afinal, é preciso combater o mosquito durante o ano todo.
O momento é propício para lançar a seguinte pergunta: E você, síndico, tem discutido a questão com os moradores? Tem feito a sua parte?
Confira algumas medidas para evitar potenciais
criadouro do mosquito Aedes aegypti
1 Usar tela de nylon para proteção ou colocar sal semanalmente nos ralos externos e canaletas de drenagens para águas de chuvas.
2 Colocar tampa abre-e-fecha ou tela de nylon (trama de um milímetro) ou, ainda, duas colheres de sopa de sal, no mínimo, semanalmente, nos ralos internos de esgoto.
3 Manter as calhas sempre limpas e sem pontos de acúmulo de água.
4 Manter o escoamento de água desobstruído e sem depressões que permitam acúmulo de água, eliminando eventuais poças após cada chuva.
5 Substituir a água por areia grossa no prato ou pingadeira dos vasos de plantas, até a borda.
6 Manter as caixas d’águas vedadas (sem frestas), providenciando sua limpeza periódica.
7 Verificar semanalmente se existe acúmulo de água, providenciando o escoamento por bombeamento nos fossos de elevador.
8 Ao usar recipientes descartáveis, acondicioná-los em sacos de lixo e disponibilizá-los para coleta rotineira da limpeza pública.
9 Manter sempre tampados vasos sanitários sem uso diário, acionando a descarga semanalmente; caso não possuam tampa, vedar com saco plástico aderido com fita adesiva e, não sendo possível a vedação, acionar a válvula semanalmente, adicionando a seguir duas colheres de sopa de sal.
10 Tampar com filme plástico ou saco plástico aderido com fita adesiva as caixas de descarga sem tampa e sem uso diário.
11 Filtrar a água da piscina diariamente é outro procedimento indispensável para evitar a fixação dos ovos da fêmea do Aedes aegypti.
12 Vasos de plantas devem receber atenção redobrada para não ficarem com água acumulada e parada. No caso das bromélias, o indicado é substituir por outro tipo de planta que não acumule água. Todavia, enquanto esta providência não for adotada, deve-se regar abundantemente com mangueira duas vezes por semana.
Fonte: Revista "O Síndico" edição 13.