A RESISTÊNCIA EM IMPLANTAR SEGURANÇANotícia publicada no dia: 01/10/2010
Existe um paradigma a ser quebrado entre a necessidade e o momento da implantação de políticas ou aquisição de serviços de segurança, sejam eles através de estruturas e leis, recursos ou planejamentos estratégicos privados.
A grande pergunta é: quando devemos investir em segurança? Sempre! A resposta é tão óbvia que até parece absurda, porém, a maioria das pessoas apenas investe após sofrer uma ameaça ou delito, então, brada por melhores gestões públicas ou corre atrás de soluções emergenciais e nem tão eficazes assim, ou ainda, esperam em letargia achando que não irá mais acontecer. Ledo engano...
Um dos grandes problemas é convencer de que a segurança é necessária em todos os momentos, em níveis diferentes. Ela faz parte de nossas vidas desde quando o homem passou de um indivíduo nômade e começou a viver em pequenos grupos territoriais, necessitando de proteção contra intempéries, animais selvagens e grupos rivais. Outro fator foi a eficácia.
As medidas paliativas e reativas deixavam falhas nas quais representavam a perda da sustentabilidade ou até a dizimação do grupo. Com isto, a segurança foi evoluindo com a experiência e aplicação de táticas corretas até alcançarem um nível ideal, onde as falhas não causavam mais tanto impacto e podiam rapidamente ser reparadas. Contudo, as grandes diferenças de classe social e a tecnologia, principalmente após os anos 70 permitiu um avanço inimaginável na complexidade das ações contra a estabilidade da sociedade.
Além dos crimes contra as pessoas e patrimônio, houve uma grande diversificação. Agora também devemos nos preocupar, com invasões cibernéticas, crimes contra a imagem (pessoal ou institucional) e um em particular de crescimento astronômico: crime contra o conhecimento sensível e de dados, sejam eles pessoais, institucionais ou segredos empresariais e de Estado.
Portanto, o estudo e avaliação da segurança tornou-se tão complexo que já não basta a experiência ou somente o conhecimento dos equipamentos. As estratégias e contra-medidas dependem de metodologia aplicada e avaliação dos diversos cenários de ataque mesmo numa simples proteção a um condomínio ou pequena empresa. Há casos onde não existia a possibilidade de furtarem ou lesarem uma determinada empresa por produzirem algo de baixíssimo valor agregado, ou seja, seria necessário uma carga de caminhão para valer alguma coisa, contudo, esqueceram-se de que o maior valor estavam nos seus conhecimentos e desenvolvimento de produtos ou até da estratégia de logística empregada. Quando “vazaram” estas informações a empresa quase foi à falência.
Atualmente e apesar da convivência com altos níveis de criminalidade em nossa sociedade, a segurança só é requisitada na sua necessidade evidente, até por que ela não é valorizada quando está em plena atuação. Se as pessoas estão confortáveis em suas atividades cotidianas ou de seus negócios é devido à eficácia na segurança, ou seja, a primeira vista parece nem ser necessária por causa da estabilidade daquela comunidade e baixo índice de delitos ou, não se faz presente porque a empresa ou instituição não possui histórico de problemas, até o momento do primeiro caso, ou pior, quando o evento foi tão violento que deixa suas marcas no âmago das pessoas.
Portanto, esquecem-se que isso só é alcançado através do conjunto de investimentos preventivos à segurança. Outro problema é a forma de como assimilamos o aumento da insegurança e criminalidade: em doses homeopáticas tendo como conseqüência o amortecimento da percepção. Somente aqueles que estão vivendo em locais com melhor segurança, ao chegar em locais ou comunidades de alto risco que então percebem a mudança de status quo.
É mais fácil mostrar a necessidade de um produto, que é palpável, do que algo subjetivo, entretanto, as sociedades que sofreram grandes mudanças como guerras ou grandes desastres naturais, que perderam a sua segurança, foram atrás de meios para o seu restabelecimento sejam através de políticas públicas seja por investimentos privados aplicados preventivamente. Elas demandam de seus governantes, políticas de Estado que visam, sempre, o bem comum, diferentemente de alguns países latinos que são deficitários em investimentos na segurança, educação, saúde, etc, como o nosso. Isto é devido a falta de estratégias de Estado (e não de governo ou partidárias) para longo prazo, 10, 20 ou até 40 anos no futuro, mas este é assunto para outro dia.
Enfim, a segurança lida com a proteção do maior bem, a vida e sua sustentabilidade. É preciso que as pessoas percebam que só se alcança a estabilidade e tranqüilidade quando investem preventivamente em planos estratégicos e políticas eficazes para que possam alcançar um futuro seguro para todos.
Fonte: ClickSíndico