Condomínio sustentávelNotícia publicada no dia: 29/09/2014
No cenário atual, com os recursos hídricos sofrendo com o desperdício e má utilização, os condomínios devem estar preocupados em dar sua contribuição para um ambiente sustentável, para ajudar a evitar o risco de escassez nos próximos anos.
Aideia de reaproveitar da natureza o que ela nos oferece é uma opção que se revela viável e traz como retorno um excelente custo-benefício, com impactos positivos para o condomínio e o meio ambiente. A reutilização da água da chuva é uma iniciativa simples, barata e a reportagem da Revista O Síndico prova que pode dar certo, trazendo inúmeros benefícios. O exemplo vem do Condomínio Residencial Everest, com 104 unidades, localizado no Bairro São Mateus. Há cerca de dois anos, a síndica Ângela Andrea Gomes lançou a ideia para os condôminos, que prontamente aprovaram. “Tínhamos um custo de água muito elevado, por conta disso realizamos uma assembleia colocando a necessidade do pessoal conscientizar do que precisava ser feito e os moradores foram unânimes em nos apoiar e dar o aval para realizarmos o serviço.”
Para executar o trabalho, que custou em torno de R$ 1.500, com material e mão-de-obra, a síndica contou com os serviços de um bombeiro e um pedreiro que instalaram um sistema de captação de água da chuva no telhado da área de lazer, coletando a água através de uma calha e levando para dois reservatórios de 500l cada, que ficam instalados na área externa, perto da quadra. Essa água sai pela torneira e é utilizada para o serviço de limpeza do condomínio. “Quando precisamos fazer a lavagem da área de lazer e da quadra utilizamos esta água. Nosso gasto estava muito alto, girando em torno de R$ 7.000 e com esse sistema conseguimos reduzir para R$ 5.800. Hoje, reutilizamos a água da chuva conectando a mangueira na torneira e com esses 1.000l conseguimos perfeitamente fazer a lavação, sem onerar o condomínio”, comemora Ângela.
A síndica conta ainda outra atitude tomada para reduzir ainda mais a conta da água que foi a vistoria dos encanamentos, torneiras, chuveiros, descargas de todas as unidades do prédio. “Para evitar custos para os moradores, o condomínio arcou com a troca de registros e buchas e posso garantir que 90% dos apartamentos apresentavam vazamentos. Com as medidas, nossa conta da Cesama baixou ainda mais, caindo para R$ 3.800. Por isso, é importante dar sempre manutenção.”
Seguindo os passos
Para o condomínio que deseja implantar seu próprio sistema de captação de água de chuvas um ponto a ser levado em consideração é a pluviometria do local, ou seja, a média de milímetros de chuva a cada mês para poder dimensionar o tamanho do reservatório, a partir também da área de captação (telhado) que se tem à disposição. Outro aspecto técnico é o desnível, ou seja, quanto mais alto for colocado o sistema, mais a gravidade auxilia na descida da água sem precisar de bomba, que gasta energia elétrica.
O professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFJF Celso Bandeira de Melo dá dicas simples para esses síndicos, que devem ainda se nortear pela norma técnica da ABNT 15527:2007. A primeira observação é que essa água deve sempre ser utilizada para fins menos nobres, como por exemplo, a lavagem de chão, garagem, carros. “Quando a água de chuva cai no telhado, pode ter contato com microorganismos nocivos, por isso, nunca pode ser utilizada para beber, inclusive as torneiras que reutilizam água da chuva devem ser identificadas para evitar que alguma criança beba”, lembra ele. Outro cuidado, segundo o professor, é não misturar o reservatório da água de chuva da água tratada, para não perder a confiabilidade na água que se está utilizando.
De acordo com Melo, “esse sistema tem impacto direto na conta de água, porque vai reduzir o consumo da concessionária gerando uma economia no final do mês. Não é solução definitiva, porque existem períodos de seca, então o ideal é ter os dois sistemas. Traz ainda o benefício ambiental, porque você deixa de usar a água que seria captada de um rio ou outro manancial utilizando uma água que vem da própria natureza, isso contribui para evitar o agravamento de uma escassez, minimizando esse problema”, esclarece.
Fonte: Revista O Síndico, 4ª Edição.