Entrevista: Francisco Egito explica a natureza multidisciplinar do condomínio

Entrevista: Francisco Egito explica a natureza multidisciplinar do condomínio
Francisco Egito, um dos palestrantes confirmados para o 14º Dia do Síndico.

 

Palestrante confirmado para o 14º Dia do Síndico, marcado para o dia 23 de novembro e promovido pela revista O Síndico, pelo SíndicoJF Mídias Digitais e pela Associação de Administradoras de Condomínios de Juiz de Fora e região, Francisco Egito é o entrevistado desta edição.

 

Diretor do Grupo Francisco Egito, ele é advogado, administrador, contador e corretor, além de coordenador de pós-graduação do Centro Brasileiro de Estudos e Pesquisas Jurídicas (CBEPJur), diretor da Revista dos Condomínios, diretor do curso Aprimora, coordenador da UNICRECI-RJ, atuando, ainda em negócios imobiliários e condominiais.

 

Confira a entrevista em que ele explica a origem e a natureza multidisciplinar dos condomínios.

 

O Síndico – Para começar, gostaria que você falasse sobre a origem dos condomínios.

Francisco Egito – O condomínio surge dentro do direito de propriedade e do esforço jurídico para harmonizar o uso da propriedade por mais de um titular. Esforço histórico, desde Roma. A propriedade em condomínios surge dentro da comunidade familiar confrontando com a relação exclusiva do titular sobre a coisa. O condomínio geral foi desenvolvido como um modo de exercício de propriedade simultâneo por mais de um titular. O direito desenvolve um jogo de normas que viabiliza esse exercício dentro da harmonia possível. Historicamente, a propriedade foi criando novas formas de utilização, como a propriedade vertical, uma propriedade sobre a outra, que é o embrião do condomínio edilício. O condomínio edilício surge no início do século passado, dentro da urbanização, crescimento, verticalização e adensamento das cidades. Ele é uma especialização do condomínio em geral e o direito desenvolve nele uma estrutura normativa, com todo um complexo de normas e órgãos para viabilizar sua existência e o dota de ferramentas, de órgãos de gestão, como o órgão executivo, o síndico; o órgão de assessoramento, o conselho consultivo; o órgão deliberativo e normativo, a assembleia de condôminos; o órgão de controle fiscalizatório, que é o conselho fiscal.

 

E de onde vem a ideia da natureza multidisciplinar do gestor condominial?

Todo condomínio precisa de gestão e direcionamento de seus recursos – espacial, temporal, humano, material, tecnológico, financeiro – para alcançar suas finalidades coletivas, de manutenção da propriedade dos sistemas e instalações prediais, por meio de um conjunto normativo, para a harmonização do direito entre vários titulares, proporcionando uma vida o mais harmônica possível. E o gestor condominial tem atuação multidisciplinar, pois lida com diversas áreas, como a própria manutenção dos sistemas e instalações prediais, a gestão de conflitos entre os seus membros, a gestão de pessoas, gestão orçamentária e financeira, gestão patrimonial, sendo diversas as áreas que a gestão abrange. O condomínio recebe ainda o afluxo de outras ciências. No início, o próprio direito, como função normativa, estruturante do condomínio; e ainda a sociologia, para entender um pouco o grupo social que o compõe e suas interações, os processos sociais decorrentes, como a comunicação, a coalizão, a cooperação, o conflito, a competição; a engenharia, para tratar dos sistemas de instalações prediais entregues com a incorporação; a manutenção dessa propriedade; a contabilidade, para entender o patrimônio, orçamento e finanças; a administração, para entender os diferentes processos que ali acontecem, o planejamento, organização, direção e controle. Mesmo que a ciência ainda não tenha se desenvolvido especificamente para condomínios, a gestão é praticada de modo empírico rudimentar, então, a administração é mais uma ciência que pode contribuir com seu conhecimento. A administração como ciência que estuda as organizações humanas, e o condomínio é uma organização humana, se caracteriza por ser multidisciplinar, e o síndico, como alguém multidisciplinar que pratica a gestão do condomínio é como capitão dessa nau condominial, e precisa de profissionais especializados nas diversas áreas atinentes ao condomínio para lhe socorrer.

 

Comente sobre as funções gerenciais do síndico dentro da gestão condominial.

Embora de maneira empírica ou por improviso, ou seja, sem uma formação de administração, o síndico planeja, organiza, dirige e controla. Dentro do planejamento, falamos de objetivos, metas de curto, médio e longo prazo, que ele terá que realizar. Começa com uma previsão orçamentária para o exercício fiscal, passa pelos recursos que ele poderá alocar, despesas que poderá incorrer, obras que vai realizar. O que ele vai priorizar naquela gestão é planejamento. Organização é o corpo social daquele organismo onde cada coisa tem seu devido lugar. Por corpo social entendemos órgãos e funções, quem vai realizar o quê, de acordo com a convenção do condomínio, ou o síndico pode estruturar isso dentro das possibilidades que a função diretiva o dota. Ele pode também alterar a convenção e criar outros órgãos de gestão. A parte de direção é arte e técnica.  Por técnica, ele aplica as normas condominiais, faz cumprir a convenção. Já por arte, ele precisa lidar com pessoas; ter meios persuasivos para resolução de conflitos; precisa se comunicar; liderar; dar ordens e instruções. Por controle, ele vai verificar aquilo que está sendo realizado; monitorar; revisar o que foi planejado; verificar se está adequado e tomar as ações necessárias. De maneira muito sintética, essas são as funções gerenciais aplicadas à realidade do condomínio, que mesmo sem formação, entendimento e administração, ele acaba praticando por empirismo.

 

Diante de toda essa complexidade como fazer uma gestão condominial eficiente?

A gestão eficiente só será realizada quando tivermos profissionais especializados e gestores preparados. O economista Max Weber, na teoria da burocracia, concebe que a sociedade hoje, pós-industrial, é uma sociedade burocrática, não no sentido pejorativo, mas no sentido de uma sociedade em que a razão é aplicada. É uma gestão baseada em normas e regras, na impessoalidade e na profissionalização de seus membros. Portanto, para ser eficiente, toda organização humana tem que ter profissionais de carreira treinados e vocacionados para essa finalidade. Nesse sentido, o condomínio, sendo uma organização doméstica composta por amadores e leigos, enfrenta grandes desafios. E aí abre-se espaço para os gestores profissionais, que cada vez mais se especializam e entendem o que é um condomínio e como a gestão se faz necessária. 

 

Fale sobre os processos de aprendizagem dos síndicos para o desempenho da função.

Os gestores condominiais adquirem sua experiência por meio da vivência prática, não por meio de uma instituição que mede, ensina e avalia, nem de um processo de ensino-aprendizagem estruturado. Outros já adquirem conhecimento em um processo pedagógico deliberadamente construído e estruturado em que o educador mede, ensina e avalia dentro de uma organização escolar. Essas são as duas formas de preparação do síndico e, em ambas, ele precisa do auxílio de profissionais especializados como advogado condominial, engenheiro condominial, uma boa administradora de condomínios, contador condominial, e tantos outros que poderão lhe socorrer no seu mister.

 

De que forma você vê o futuro da gestão condominial? 

A gestão condominial vem saindo do modelo amador para um paradigma de gestões profissionais, cada vez mais eficientes e eficazes na busca por resultados e metas, desperdiçando menos recursos, focando nos objetivos do próprio condomínio, no bem-estar dos condôminos, na valorização das unidades condominiais, na manutenção do patrimônio, dos sistemas e instalações prediais, na boa harmonia entre os moradores. E ainda gestão com foco na redução de conflitos, no tratamento adequado da inadimplência, na celebração de contratos justos com profissionais especializados e adequados à realidade do condomínio, implantação de princípios de governança corporativa, de compliance… Essa é uma tendência na mudança de modelo de gestão amadora para o modelo de gestão mais profissional.

 

Fonte: Equipe SíndicoJF

 

Márcia Lombardi soma experiência e modernidade à frente da Universal Imóveis

Foto da Márcia Lombardi | Imagem Principal | Revista Síndico JF

Márcia explica que o evento UniCondomínio tem como objetivo capacitar síndicos, promover troca de informações e apresentar novidades

 

Contabilizando 33 anos no ramo imobiliário, sendo 29 na Universal Imóveis, Márcia Lombardi está entregando, para Juiz de Fora, uma das melhores infraestruturas para síndicos e demais clientes. Inaugurada em novembro passado, a nova sede própria da Universal Imóveis soma modernidade, conforto e beleza em um andar do edifício situado no número 627 da rua Santo Antônio, região central da cidade.

Diretora da Universal Imóveis, Márcia revela ter saído de Rio Pomba sem qualquer conhecimento sobre o mercado imobiliário. “Venho de uma família humilde, de nove irmãos, e lá, à época, nem existia imobiliária. Então, foi um ramo que conheci em Juiz de Fora e que me abriu portas.”

No dia 23 de abril, a Universal Imóveis vai retomar o evento UniCondomínio, pausado em função da pandemia. Após três edições realizadas no Hotel Serrano, o evento desse ano será na sede própria, e a intenção é que o encontro passe a integrar o calendário anual da empresa, com duas edições, a partir de 2025.

 

Confira a entrevista completa:

 

Revista O Síndico: Fale um pouco sobre sua história e sua ligação com o ramo condominial.

Márcia Lombardi: Sou técnica em contabilidade. Estou no ramo imobiliário há quase 33 anos tendo começado como secretária, passando depois pela locação e setor de vendas. Há 29 anos, fundamos a Universal Imóveis e a entrada no ramo condominial veio com a chegada da minha irmã Alessandra Ribeiro, como sócia. Ela é advogada, trabalhava no Tribunal de Justiça, mas queria sair. Foi aí que, juntas, abrimos, há 11 anos, o setor de condomínios da Universal. Há cerca de um ano, com o desligamento da Alessandra, assumi o setor, juntamente com a Ana Precioso, que, com Maurício Levy, comanda a gestão de condomínios.

 

Revista O Síndico: Com tantas mudanças recentes na Universal Imóveis (físicas, de logomarca e de conceito), o que ganham os clientes e síndicos da cidade?

Márcia Lombardi: A nova sede oferece um espaço muito maior para nossos colaboradores, e também permite a realização de reuniões de condomínio, assim como promover trocas com empresas em nosso auditório. Ter nossa sede própria era um sonho antigo. Fizemos tudo pensando no conforto dos nossos colaboradores e dos nossos clientes. Nossa intenção é estar mais próximos da comunidade, e reunir, em nosso auditório, pessoas do entorno e empresas parceiras.

 

Revista O Síndico: Fale sobre o UniCondomínio. Qual é a proposta do evento?

Márcia Lombardi: O UniCondomínio é um evento que promovemos com o objetivo de capacitar os síndicos, promover a troca de informações e apresentar novidades do mercado condominial. Ainda temos muitos síndicos orgânicos, lidando com os problemas do condomínio, talvez trabalhando com outras coisas, que não têm oportunidade de acompanhar as novidades, de trocar experiências. Ser síndico é uma missão, e sabemos como as pessoas estão imediatistas e sem paciência, fazendo com que o síndico precise de apoio, de informação, de ajuda. Estamos aqui para isso, e nosso evento quer mostrar as novidades que trarão mais economia, transparência e eficiência para o condomínio.

 

Revista O Síndico: A retomada dos encontros em sede própria tem um gosto especial?

Márcia Lombardi: Com certeza! A retomada desse evento é especial porque entendemos que é muito importante para Juiz de Fora. Deve ser realizado mais vezes, com mais empresas. Por ser na nossa sede nova, representa uma oportunidade de apresentá-la e mostrar toda a nossa infraestrutura e tecnologia, reforçando que estamos sempre inovando para trazer melhorias para nossa prestação de serviços.

 

Revista O Síndico: Ainda sobre as mudanças, como o setor de condomínios da Universal foi reestruturado?

Márcia Lombardi: Nossa estrutura, hoje, conta com a Ana Precioso na gestão. Ela está conosco há mais de dez anos, unindo competência e vivência dentro dos condomínios. Temos também o Maurício Levy, que foi gestor do Alphaville, o que demonstra o tamanho da sua experiência. Temos, ainda, a Simone, que cuida do atendimento aos síndicos; e a Ruth, que cuida da parte financeira e administrativa dos condomínios.

FONTE: Revista O Síndico – Edição 57