Conheça os golpes mais aplicados em condomínios

18 set | 8 minutos de leitura
Conheça os golpes mais aplicados em condomínios
No golpe do falso entregador, o criminoso rende o entregador verdadeiro para adentrar o condomínio

O quesito segurança é uma das principais razões que levam muitas pessoas a optarem por viver em edifícios residenciais. No entanto, a quantidade de golpes aplicados em condomínios, constantemente noticiados pela imprensa, tem gerado grande preocupação. Mesmo com investimento em tecnologias, infraestrutura e profissionais capacitados para proteger a propriedade, os criminosos estão cada vez mais criativos e inventam novas maneiras de enganar a segurança para praticar seus delitos.

Durante a crise sanitária de Covid-19, devido ao alto volume de compras on-line e deliveries, alguns golpes já são bastante conhecidos, como o do falso entregador. Em todas as situações, os cuidados devem ser redobrados pelos moradores, porteiros, funcionários e empresas de portaria remota. Separamos os crimes mais comuns aplicados nos condomínios para que você possa proteger seu patrimônio e evitar situações desagradáveis.

FALSO HÓSPEDE OU FALSA AUTORIZAÇÃO

Para o especialista em segurança José Elias Godoy, fica clara a importância da qualificação dos funcionários para minimizar ações de golpistas

O bandido liga para a portaria, se identifica como um morador e pede para liberar a entrada de um visitante que passará alguns dias em sua casa. O golpista informa, inclusive, número falso de RG e avisa que a visita já tem a chave do apartamento. Em seguida, o ladrão se apresenta como sendo a pessoa anunciada e consegue acesso ao condomínio para cometer roubos.

De acordo com José Elias de Godoy, tenente-coronel da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP), especialista em segurança na área condominial e autor de livros sobre o tema, este tipo de golpe acontece por uma falha ou maus procedimentos da portaria. “O golpista estuda o condomínio antes da ação. Costumam se apresentar também como parente de algum morador e sempre estão bem vestidos. Geralmente, não estão armados, mas munidos de ferramentas como chave de fenda e pé de cabra para arrombar a porta e saquear apartamentos”, alerta.

Para não cair neste golpe, Godoy orienta os porteiros a não aceitarem nenhuma liberação de pessoas por telefone. “Somente por interfone, pessoalmente ou via aplicativo do condomínio. É importante desconfiar sempre, ligar para o morador pelo interfone ou telefone pessoal para confirmar as informações passadas e fazer a identificação do visitante. A portaria deverá manter um cadastro atualizado de todos os condôminos servindo como fonte de consulta para os porteiros”.

GOLPE DO FALSO ENTREGADOR

Com a pandemia de Covid- 19, aumentou a quantidade de pedidos pelo delivery, assim como encomendas feitas pela internet. Consequentemente, oportunistas se aproveitaram do momento para aplicar golpes. O criminoso rende o entregador verdadeiro e se passa por ele para fazer alguma entrega no condomínio. Ao conseguir entrar, realiza o roubo dos pertences do morador.

Segundo Godoy, por comodidade, o condômino não quer descer até a portaria e autoriza a entrada do entregador. “Para não cair neste golpe, a orientação é que o morador retire as entregas diretamente na portaria, evitando que a pessoa se dirija até a porta do imóvel. Outra dica de prevenção é ter um ‘passa volumes’ para que o condômino venha retirar seus produtos e não tenha contato direto com o entregador. Dessa forma, o portão permanece o tempo todo fechado”, explica.

“A orientação é que o morador retire as entregas ou encomendas diretamente na portaria do condomínio”

FALSOS AGENTES DE POLÍCIA

Nessa armadilha, os bandidos chegam na portaria se passando por agentes da polícia, vestindo uniformes idênticos aos da corporação, inclusive, apresentam falsos distintivos. Eles avisam que possuem um mandado de prisão ou que precisam fazer uma vistoria em algum apartamento. Após a entrada liberada, rendem o porteiro e o fazem de refém para acessar determinadas unidades.

Esse é um tipo de golpe que acaba intimidando e confundindo o trabalho do profissional que trabalha na portaria, conforme salienta Godoy. “A situação é bastante problemática, visto que os criminosos costumam até ameaçar o porteiro com voz de prisão por obstrução da Justiça. Nessas ocasiões, a dica é manter a calma, não ceder a nenhuma pressão e chamar o síndico”.

Entre outras dicas do especialista, estão analisar o uniforme dos policiais, se há presença de viatura e até mesmo ligar para a Polícia Militar pelo 190 para confirmar a veracidade do pedido de vistoria ou mandado de prisão. “Esse é um cenário extremamente delicado para os porteiros”.

GOLPE DA ENTRADA OPORTUNA

Nessa artimanha, o bandido força uma aproximação com o morador no momento em que ele está acessando o condomínio. “Normalmente estão com o mesmo estilo de roupa e ficam de olho para ver se a pessoa sai para fazer uma caminhada ou passear com o cachorro, por exemplo. Fazem uma amizade rápida, vão conversando e entram juntos no prédio, fazendo o porteiro pensar que estão no mesmo grupo”, esclarece Godoy.

Nesse caso, o especialista diz que a portaria deve fazer a identificação de todas as pessoas. “Se o morador perceber uma situação assim, deve avisar o porteiro no momento da entrada para que o profissional tome as medidas necessárias”.

GOLPE DA GARAGEM

Os ladrões colocam o carro na porta da garagem e esperam até o porteiro abrir. Após a invasão, iniciam a tentativa de assalto. É preciso tomar cuidado com carros parados no portão da garagem, porque, em alguns casos, os bandidos estão esperando que uma pessoa se aproxime para rendê-la e assim, conseguir invadir o condomínio. “Via de regra, o golpe é aplicado em horário de pico e os criminosos pressionam o porteiro para liberação do veículo sem grande cautela com a identificação do falso morador”, explica o especialista.

“Os criminosos estão cada vez mais criativos e inventam novas maneiras de enganar a segurança”

Nesses casos, Godoy reforça que a portaria deve confirmar a identidade do condutor antes de abrir o portão. “Em caso de se tratar de uma tentativa de invasão, acionar a polícia imediatamente. Há situações na qual o morador esquece o controle e neste caso, ele deve parar o veículo fora do condomínio e ir até a portaria se identificar para que seja feita a liberação do acesso”.

FALSOS FUNCIONÁRIOS

Neste golpe, os criminosos usam uniforme falso, se apresentam como funcionários da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e pedem ao morador para que os deixem entrar na residência, geralmente com a justificativa de verificar algum problema na rede elétrica. Eles costumam ficar sozinhos e aproveitam a situação para furtar objetos, móveis e eletrodomésticos da residência.

A Cemig explica que “nenhum funcionário da empresa tem autorização para entrar na casa dos consumidores, já que o medidor não é instalado dentro do imóvel. Outra dica para verificar a possível fraude é observar o crachá do funcionário e o uniforme. Se surgir alguma dúvida, o morador ou porteiro pode ligar no telefone 116 e consultar se o trabalhador que foi ao local faz parte do quadro da Cemig”.

Um golpe semelhante acontece com os Correios, quando falsos funcionários uniformizados solicitam entrar nas unidades. Por meio de nota, a empresa esclarece que, “além do uniforme do carteiro, o uso do crachá em local visível é obrigatório por todos os empregados. Os profissionais também são orientados a se manterem do lado de fora das residências. A entrega dos objetos postais é efetuada nas áreas externas dos imóveis, dos prédios e dos condomínios, sem necessidade de acesso ao interior das áreas residenciais”.

FALSOS AGENTES DE SAÚDE

Também durante a pandemia, criminosos se disfarçam de agentes de saúde e vão até o condomínio e falam para o porteiro que estão lá para aplicarem vacina ou fazerem testes de Covid-19 nos moradores. A Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) alerta a população que “não está indo à casa das pessoas para imunização ou fazer exames relacionados ao coronavírus”.

Os golpistas ainda se aproveitam do momento atual para se passarem por falso agentes de endemias que fazem ações de prevenção e combate aos focos do mosquito da dengue. A PJF orienta para a correta identificação dos profissionais. “Os agentes deverão estar uniformizados com calça jeans, camisa de malha de cor cinza claro, colete da cor verde escura de brim ou tactel, além de sapatos fechados e pretos. Também utilizam uma bolsa estilo carteiro da cor amarela”, informa.

DE OLHO NA SEGURANÇA

A gerente da Provid Limpeza, Conservação e Portaria Remota, Carla Campos, explica que uma das principais orientações passadas aos colaboradores da empresa é não deixar ninguém acessar o condomínio sem a devida identificação.

Entre outras recomendações, ela alerta que os colaboradores não podem passar nenhuma informação dos moradores ou funcionários para terceiros, seja presencialmente ou pelo telefone. “Caso o porteiro suspeite de um possível golpe, primeiro deve comunicar ao síndico para tomarem juntos as devidas providências. Na ausência dele, a polícia deve ser acionada”.

Godoy também acrescenta que é fundamental que todos os condôminos sejam orientados em relação aos protocolos de segurança, a fim de evitar possíveis golpes. “Os ladrões se aproveitam da ingenuidade, simplicidade e do despreparo dos colaboradores condominiais para agirem. Diante disso, fica clara a importância do conhecimento e da qualificação dos funcionários para minimizar ações deste tipo”, conclui.

FONTE: Revista O Síndico – Edição 46


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