Práticas antirracistas para aplicar no seu condomínio
21 nov | 3 minutos de leitura20 de novembro é o Dia da Consciência Negra. A data foi criada em homenagem à Zumbi dos Palmares, líder do movimento Quilombo dos Palmares, morto em 1695 e símbolo da luta dos negros contra a escravidão. Nesse contexto, é indispensável debater sobre racismo e a forma com que ele pode ocorrer em todas as nossas relações, e não obstante, nos condomínios.
Nesta matéria, procuramos estimular a reflexão sobre o tema dentro dos condomínios para mudar a realidade, conscientizando e melhorando a convivência entre os moradores, com uma cartilha de dicas antirracistas. Vamos lá?
O que é racismo?
Do dicionário, racismo é a postura de desprezo e/ou discriminação em relação a determinados grupos, etnia, cultura, etc, diferentes.
Racismo é crime e está previsto na Lei 7.716/89, que diz:
“Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.”
O Código Penal, em seu artigo 140, parágrafo 3º, ainda trata da Injúria Racial:
Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro […] § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. […]
Sancionado em janeiro de 2023, o PL 4.373/2020, do Senador Paulo Paim (PT-RS), tipifica injúria racial como crime de racismo. Dessa forma, a pena também foi equiparada, passando a ser de dois a cinco anos de prisão.
O que é racismo estrutural?
Termo usado para definir que as sociedades são estruturadas com base na discriminação, privilegiando algumas raças em detrimento de outras.
O racismo estrutural, como definiu o advogado e filósofo Silvio Almeida no livro homônimo, é um fato que acontece em todo o Brasil. Os condomínios, então, não ficam de fora dessa realidade.
Panorama do racismo estrutural no Brasil
- Negros, muitas vezes, são confundidos com copeiros, faxineiros ou até prostitutas – não se deve questionar a dignidade dessas profissões, mas buscar entender o porquê da redução a um estereótipo;
- Segundo dados do IBGE, mais da metade da população do Brasil é negra;
- Apenas 17% dos negros se enquadram nas definições do IBGE de ricos;
- Mais da metade da população miserável é de negros ou pardos;
- Segundo estudo da Infopen em 2018, a maioria da população carcerária é preta ou parda: cerca de 61,7%;
- Um levantamento de 2020 do site de emprego Vagas.com mostrou que a maior parte dos negros (47,6%) ocupam cargos operacionais e técnicos (11,4%). Uma minoria ocupa cargos de liderança (0,7%). A informação é do G1.
Combate ao racismo
- Procure pesquisar sobre o racismo com base na história do Brasil
- Fale sobre racismo com amigos, familiares e vizinhos
- Reflita sobre o racismo para combatê-lo: “Você se considera racista? Sim ou não? Por quê?”
- Escute e tenha empatia entendendo a condição do outro;
- Questione-se do porquê existem poucos negros em lugares de poder no país;
- Tenha atitudes antirracistas: brancos devem criar espaço onde pessoas negras não costumam acessar.
Evite termos
- Mulato (a): Refere-se à mula, um animal que nasce do cruzamento entre jumento e égua. Os filhos das escravas negras abusadas pelos patrões brancos eram chamados assim;
- Denegrir: Em diversos dicionários brasileiros, a definição é “tornar negro, escurecer”;
- Criado-mudo: Escravos cumpriam o papel de “segurar as coisas” para os senhores brancos e não podiam fazer qualquer barulho;
- “Meia tigela”: Quando os escravos não alcançavam suas metas, recebiam apenas metade do prato de comida;
- “A coisa tá preta”, “Mercado negro”, “magia negra”, “lista negra” e “ovelha negra” – estão entre outras expressões em que a palavra ‘negro’ representa algo ruim, pejorativo, prejudicial ou ilegal.
Transforme o ambiente condominial
- Lembre-se: pessoas negras são diferentes entre si;
- Se contratar funcionários negros para trabalharem em suas casas, tente ajudar na educação deles e de seus filhos: compre livros ou pague cursos;
- No condomínio, por exemplo, pense quem são as pessoas que ocupam as profissões de mais baixa renda, como porteiro, faxineira ou zelador, e questione-se do porquê elas estão naquelas posições;
- Para síndicos: conscientize os moradores, com cartazes informativos ou mesmo palestras com ONGs especializadas no tema;
- Seja respeitoso.
Como denunciar casos de racismo e injúria racial
- Disque 190
- Disque Direitos Humanos (Governo Federal) – Disque 100
FONTE: Sindiconet