Gestão de sucesso inclui trabalho diferenciado e diálogo

08 nov | 6 minutos de leitura
Síndica do Palazzo Catedral, Ana Paula Backx defende gestão baseada no respeito e no equilíbrio emocional
Ana Paula Backx

O Dicionário Aurélio define o substantivo “síndico” de forma objetiva e sintética: “Nos edifícios em que há condomínio, pessoa escolhida pelos condôminos para tratar dos interesses e de administração do imóvel”. O termo vem do grego “syndikós”, que, assim como do latim “syndicu”, significando advogado, defensor.

Muitos síndicos, porém, acabam por se tornar representantes diferenciados, por ir além do que aponta a tradução. É o caso da síndica do Condomínio Residencial Palazzo Catedral, Ana Paula Backx, entrevistada dessa edição da revista O Síndico. Professora há 25 anos, palestrante e comunicadora, Ana Paula apresenta um programa de entrevistas na RCWTV e atua como diretora de comunicação em um clube social de Juiz de Fora. No condomínio, foi síndica da obra por seis anos, tendo assumindo, posteriormente, a gestão por dois anos e reassumindo em 2019. Sua gestão abrange 56 unidades e colaboradores terceirizados.

De que forma sua profissão colabora com o trabalho de síndica?

A educação é a ferramenta para todos os desafios da vida. Por meio dela, podemos trocar experiências e conhecer a essência das pessoas, pelo uso da comunicação. Considerando essa vertente, faço da comunicação entre as pessoas o caminho para dirimir questões particulares e que venham a interferir na boa convivência do grupo.

Quais os principais problemas enfrentados e como você os soluciona?

As bases são a convenção e o regimento. As pessoas precisam obedecer ao que está previsto nos artigos. É uma questão de responsabilidade. As infrações são apontadas e conversadas. Não sou uma “síndica chata”, o que faço é zelar pela boa convivência. Com isso, os problemas não são constantes. O que muitas vezes ocorre é barulho de festas sociais e pessoas usando a vaga da garagem de outro. Todas essas situações foram conversadas e praticamente sanadas. As festas ocorrem e são previamente avisadas ao condomínio e vizinhos; e, quanto às vagas da garagem, fiz um mapeamento com as placas dos carros que correspondem às vagas. Os próprios condôminos fiscalizam uns aos outros. No caso de infração, envio notificação; posteriormente, advertência passível de multa. Então, não há reincidência porque sou rígida na disciplina.

Qual é o perfil dos moradores e como você lida com essa realidade?

Temos moradores desde bebês até idosos, mas a maioria é formada por jovens. Jovens esses que me respeitam porque eu os respeito. Lido com atenção, entendendo a fase deles. Alguns têm a família em outra cidade, pois são estudantes, então, sei da “carência” deles e, às vezes, é comigo que alguns conversam. Coloco-me à disposição para emergências e, assim como eles podem contar comigo, eu conto com eles.

Como define seu estilo de gestão? Quais são suas características?

Gosto de gerir pelo exemplo. Não dou margem para falarem do meu comportamento, de uma voz alterada, de uma falta de atenção… Sempre dou retorno com relação àquilo que me solicitam. Assim, há respeito, o que faz diferença em uma convivência diária.

Qual seria um dos diferenciais do seu trabalho no condomínio?

Fazer a ronda noturna. Como tenho o hábito de ficar estudando até tarde, antes de me recolher, dou uma volta pelo prédio. Pelas escadas, caminho pelos andares para perceber barulhos ou cheiros estranhos. Certa vez, senti cheiro de queimado. Interfonei para a unidade e acordei a moradora que estava dormindo e havia deixado uma água fervendo. Foi Deus!

Como é a inadimplência no condomínio e como a controla?

Todos somos responsáveis pelo condomínio. Os condôminos possuem seus problemas particulares e, às vezes, precisam comprometer o pagamento do condomínio para sanar outras questões. Entendo o lado deles, mas não posso esquecer que o condomínio tem seus compromissos também. Dessa forma, o morador, antes mesmo de deixar de pagar o condomínio, me procura e já me deixa ciente de que haverá um atraso. Sempre que possível, adoto a política da boa vizinhança. Quanto à prestação de contas, eu olho os balancetes e confiro tudo. Envio aos conselheiros para visto. Coloco-me à disposição para esclarecimentos. Depois coloco no arquivo.

Como é a participação dos condôminos nas assembleias?

Temos cerca de 10 a 15% de presença. Dependendo da pauta, a presença é até menor. Sempre digo que quando houver uma pauta realmente importante, que as pessoas não venham reclamar depois do que foi deliberado. Eu coloco a responsabilidade do silêncio para aqueles que tiverem objeções das ações tomadas.

Como é a relação com o conselho, com a administradora, com a conservadora e com os prestadores de serviços?

Meus conselheiros são ótimos! Troco ideia mais frequentemente com uma delas, muito atenciosa e prestativa. Isso é bom porque permite visões diferentes sobre uma determinada situação. Nossa administradora tem colaboradores que resolvem as situações quase instantaneamente, além da própria diretora que sempre retorna mensagens ou telefonemas. O trabalho da administradora é muito eficiente e sempre atende possíveis demandas ou esclarece alguma dúvida.

Comente sobre campanhas desenvolvidas, como a de combate à violência contra a mulher e decoração de Natal.

Certa vez, ouvimos um casal discutindo no prédio. Ficamos atentos para ver se se tratava só de uma discussão ou de uma briga mais séria. Se eu percebesse uma situação de violência, eu acionaria a polícia. Durou cerca de 20 minutos e cessou. No dia seguinte, enviei panfleto de violência contra mulher a todos os apartamentos. Na outra semana, colei no mural de comunicados do hall um panfleto sobre paz no lar. Assim fui fazendo e estou fazendo. Nunca mais ouvimos discussões entre o casal. Se eles se acertaram ou a campanha ajudou, não sei, mas torço para estar tudo bem. Quanto à decoração de Natal, foi muito legal porque foi personalizada. Usei EVA vermelho decorado com glitter e recortei estrelas. No meio das estrelas coloquei o número do apartamento. Espalhei essas estrelas pela portaria, junto a uma árvore de Natal e pisca-pisca. Os moradores ficavam procurando a estrela correspondente ao seu apartamento e na noite de Natal as estrelas subiram para suas portas. Foi muito envolvente!

Como o condomínio foi afetado pela pandemia do novo coronavírus?

Colocamos álcool gel na portaria e nas garagens. Os elevadores são constantemente higienizados e é proibida a entrada de delivery. Os moradores vão até a portaria retirar seu lanche, visto que entregadores não podem circular pelo prédio. As pessoas estão mais recolhidas e não há muita circulação de moradores. Todos os colaboradores usam máscara.

Deixe, por favor, um recado para os síndicos de Juiz de Fora.

O estereótipo de que todo síndico é chato pode ser mudado. Há necessidade de se fazer cumprir as regras e que o primeiro a obedecê-las deve ser o próprio síndico, para dar o exemplo. Entenda que os moradores são pessoas, cada qual com particularidades, e que o respeito deve ocorrer de ambas as partes. O equilíbrio emocional é o segredo da boa convivência, além de um bom diálogo.

FONTE: Revista O Síndico – Edição 40


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