A Oposição na Gestão Condominial

02 jun | 3 minutos de leitura

Vela, Âncora e a Política Inerente ao Ser Humano

foto de perfil do Editor Sérgio Paulo da Silva | Síndico JF

ESCRITO POR: Sergio Paulo da Silva

Sócio da Indep Auditores Independentes, perito contábil, auditor contábil CNAI e membro da Comissão de Contabilidade Condominial do CRC/RJ

A gestão condominial é, em sua essência, um microcosmo da vida política, ou seja, somos seres que, por natureza, vivemos em comunidade e buscamos organizar nossa convivência por meio de regras, diálogos e, claro, 

disputas. No condomínio, essa dinâmica se manifesta de forma clara: há interesses coletivos, individuais, alianças, divergências e, inevitavelmente, a oposição. Mas como lidar com ela quando suas raízes estão fincadas em questões pessoais? E como discernir o que é legítimo do que é meramente egoísta?

  1. A oposição vela movida por questões pessoais

A oposição vela é aquela que, aparentemente, busca o progresso. Ela questiona, propõe e parece estar sempre em movimento. No entanto, nem sempre suas intenções são tão coletivas quanto parecem. Muitas vezes, essa oposição nasce de motivos pessoais: um morador que se opõe a uma obra porque ela atrapalha sua rotina, ou alguém que critica o síndico por uma desavença antiga.

Aqui, a política se revela em sua forma mais humana. Afinal, é natural que nossos interesses pessoais influenciem nossas posições. O problema não está em ter motivações individuais, isso é inerente à condição humana, mas em disfarçá-las de preocupação coletiva. 

  1. A oposição âncora e o peso das frustrações individuais

Já a oposição âncora é aquela que paralisa. Ela não propõe, não sugere, apenas critica e bloqueia. E, muitas vezes, essa resistência também tem raízes pessoais: um morador que vota contra tudo porque se sente excluído das decisões, ou alguém que trava projetos por puro ressentimento em relação ao síndico ou a outros condôminos.

Essa oposição é mais difícil de lidar, pois ela não busca o diálogo, apenas a paralisia. E, no entanto, mesmo aqui é possível enxergar a política em ação. A oposição âncora, em muitos casos, é um grito de quem se sente invisível ou injustiçado. O desafio, então, não é apenas identificar as intenções por trás dela, mas também criar mecanismos para que essas vozes sejam ouvidas e integradas ao processo decisório. Afinal, como nos lembra Hannah Arendt, a política é o espaço onde as diferenças se encontram e, por meio do diálogo, se transformam em ação coletiva.

  1. Os cuidados necessários: discernimento e diálogo

Diante dessas duas faces da oposição, a liderança condominial , seja o síndico, o conselho ou a administração  precisa agir com discernimento e sensibilidade. O primeiro passo é reconhecer que a política é inerente ao ser humano e que, portanto, interesses pessoais sempre estarão presentes. O segundo passo é criar espaços de diálogo onde essas motivações possam ser explicitadas e discutidas de forma transparente.

Perguntas como “O que está por trás dessa crítica?” ou “Como podemos integrar essa preocupação ao bem comum?” são essenciais. O objetivo não é eliminar as divergências , vez que isso seria impossível e, de certa forma, indesejável, mas transformá-las em oportunidades de crescimento. 

  1. A política como caminho para a convivência

No fim das contas, a gestão condominial é um exercício de política no sentido mais nobre da palavra. Ela nos desafia a conciliar nossos interesses individuais com os coletivos, a transformar nossas divergências em propostas e a construir, juntos, um espaço de convivência mais justo e harmonioso.

A oposição, seja ela vela ou âncora, faz parte desse processo. O que importa é como lidamos com ela. Quando a oposição é movida por questões pessoais, mas ainda assim contribui para o bem comum, ela pode ser acolhida. Quando ela serve apenas a interesses individuais e paralisa o progresso, é preciso questioná-la e redirecioná-la.

E você, que tipo de oposição escolhe ser? Uma vela que impulsiona o barco, mesmo que movida por ventos pessoais, ou uma âncora que mantém todos presos ao passado? A resposta não diz respeito apenas ao seu condomínio, mas à forma como você enxerga sua própria humanidade e seu papel na construção de uma vida em comunidade.


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