Taxa condominial em tempos de pandemia

04 set | 2 minutos de leitura

ESCRITO POR: Cristiano Magri
Graduado em Administração e pós-graduado em Finanças, Auditoria e Controladoria na FGV, sócio-diretor da Ativa Cobrança


Há cinco meses, estamos passando por uma situação pandêmica que mudou diretamente a rotina dos condomínios, principalmente a convivência entre os condôminos.

Segundo a Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios (AABIC), as reclamações aumentaram em até 300%. Entre os motivos estão o barulho com crianças brincando, aulas de instrumento musical, atividades físicas, som alto, obra em excesso, pessoas circulando sem máscara e, o mais importante para a saúde financeira do condomínio, o aumento da inadimplência.

Por outro viés, o sistema financeiro já se preocupa com este crescimento da inadimplência. Na divulgação dos balanços trimestrais dos quatro maiores bancos do país, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, foram destinados aproximadamente R$ 28 bilhões para cobrir possíveis inadimplementos de empréstimos concedidos no passado, o que representa R$ 10 bilhões a mais se comparado com o mesmo período de 2019.

O Banco Central projeta um ‘calote’ de empresas mais vulneráveis que respondem por 29% das dívidas de pessoas jurídicas. Juntas, devem R$ 893 bilhões.

A crise econômica gerada pelo novo coronavírus deve empurrar 15 milhões de brasileiros para as classes D e E, até mesmo porque, entre maio e julho de 2020, o desemprego cresceu 20,9%, alcançando 12,2 milhões de brasileiros.

A inadimplência deve atingir níveis expressivos devido à crise financeira, que foi acentuada pela Covid-19, como dito. E, agora, se faz mais do que necessário um acompanhamento minucioso do pagamento da taxa condominial para sustentar a saúde financeira, isso para não se chegar ao ponto de impacto no fluxo de caixa.

“Quanto maior a inadimplência, mais alta a taxa condominial será”

Destarte, a frase de ordem é “usar o bom senso na cobrança de taxa condominial”. É preciso olhar de forma humanizada, mas é necessário cuidar para que o condomínio consiga minimizar a inadimplência. Entender os reais motivos que tornam o condômino inadimplente também é muito importante nesse momento. Deveras, o principal nesse período está sendo a perda do emprego e/ou de renda.

O valor da taxa condominial é rateio composto por gastos ordinários, incluindo os tributos, as manutenções etc., podendo o síndico adotar um adicional extra para cumprir os custos, seja ele relativo à taxa ordinária ou extraordinária. Sob este prisma, quanto maior a inadimplência, mais alta a taxa condominial será, já que aquela é rateada entre os condôminos.

A cobrança, ainda que humanizada, deve observar os parâmetros legais, a atualização monetária, os juros de 1% a.m e a multa de 2%. Carece ser promovida sempre de forma amistosa, por meio de acordos extrajudiciais, que são o meio mais rápido, e sempre com uma assessoria de cobrança que possua profissionais especializados, otimizando os resultados com acompanhamento pormenorizado das cobranças por meio de relatórios e fluxo de caixa, para que o condomínio possa proporcionar qualidade de vida para todos os moradores nesse momento incerto de nossa economia.

FONTE: Revista O Síndico – Edição 40


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