“Acabou a paz”: moradores de condomínio denunciam 6 meses de barulho

11 nov | 5 minutos de leitura
O motivo do embate é o barulho frequente em decorrência dos jogos de futebol no local, entre outras atividades

Há pelo menos seis meses, os moradores de um condomínio em Juiz de Fora, na região Central da cidade, travam uma batalha contra os frequentadores de uma quadra localizada em frente ao prédio onde eles residem. O motivo do embate é o barulho frequente em decorrência dos jogos de futebol no local, entre outras atividades. A Polícia Militar já foi acionada algumas vezes, mas o imbróglio parece estar longe do fim.

Conforme os relatos recebidos pela reportagem, xingamentos, comemorações de gols e barulhos de apito são apenas alguns dos tipos de importunação que invadem os apartamentos e interferem na qualidade de vida desses residentes. Segundo eles, não há paz dentro das próprias casas em muitos dias da semana – em especial nos sábados e domingos. Cerca de 400 pessoas residem no referido condomínio.

À reportagem, o empresário e proprietário do estabelecimento localizado na Rua Severino Meireles, no Bairro Alto dos Passos, reforçou que trabalha dentro da legalidade e cumpre o horário estabelecido no alvará de funcionamento – que seria, no máximo, até 22h.

No entanto, conforme a dona de casa Ana Siqueira, de 47 anos, o horário não tem sido respeitado. “Na última reunião que tivemos com ele [o proprietário da quadra], ficou acordado que as atividades ali não passariam das 22h, mas isso não está acontecendo em alguns dias. Após saírem da quadra, eles permanecem no bar que há no local e, algumas vezes, acontecem brigas”, conta a moradora, acrescentando que os barulhos frequentes estão interferindo na rotina escolar de seu filho de 12 anos.

“Ele tem que estar dentro da sala de aula às 6h30. Então, meu filho precisa deitar cedo, mas acaba perdendo muito sono porque, frequentemente, ele acorda assustado com o barulho no meio da noite. Já aconteceu dele e eu ficarmos acordados até 2h. Isso atrapalha muito o rendimento escolar”, explica Ana.

Conforme a médica Bruna Costa, de 36 anos, a situação já foi pior antes dos moradores iniciarem as reclamações com o proprietário. “Anteriormente, com frequência, eles ficavam jogando futebol na quadra até 23h30, com direito a muitos palavrões, comemorações muito barulhentas e sons de apito”, conta.

“Depois, eles iam para o bar que há dentro do espaço e ficavam ali até 0h30 e, algumas vezes, até de madrugada, por volta das 1h30. Tudo isso acompanhado de música alta e muita gente gritando. Ao sair de lá, ainda ficavam na rua por mais algum tempo”, relembra Bruna, reforçando que, no entanto, os horários das atividades no local continuam impróprios algumas vezes e que sua filha de 1 ano e 4 meses também está sendo afetada.

“O sono dela fica completamente desregulado. Ela dorme à tarde após chegar da escolinha e sempre acorda com o barulho. O problema maior é à noite, quando levo ela pra cama às 21h. Posteriormente, ela acorda chorando e assustada”, explica.

Os barulhos, mesmo à tarde, também atrapalham a rotina do professor universitário Carlos Eduardo, de 68 anos. “Às vezes, eu preciso preparar o conteúdo de uma aula, ou lecionar de forma remota, e não consigo me concentrar, mesmo com tudo fechado em casa”, revela o docente. “Um advogado redigiu e enviou uma interpelação não judicial para o responsável pela quadra, mas não adiantou muita coisa”, acrescenta.

“O treinador na escolinha de futebol que tem ali grita demais. Algumas vezes, ele usa uma espécie de tambor no treinamento com o objetivo, suponho, de dar um ritmo para as crianças. Aí já viu, o barulho amplifica e dá um eco aqui no prédio. Parece que o barulho está dentro de casa”, finaliza Carlos.

Posicionamento da empresa

O empresário Anderson Lima de Sá, de 41 anos, diz que não há muito o que fazer. “Esse tipo de coisa não tem jeito. Qualquer vizinho de quadra vai reclamar”, inicia o responsável pelo espaço, contradizendo os moradores que alegam o não encerramento das atividades no horário correto.

“Nós já fizemos uma reunião dentro do condomínio e eu me comprometi a respeitar o horário. Os jogos, atualmente, só acontecem até 22h, conforme previsto no alvará. Eles [os moradores] têm reclamado de barulhos na rua após esse horário. Sou dono da quadra, mas não tenho responsabilidade sobre o que as pessoas fazem após saírem dali. Não tenho como interferir nisso. Na rua, a competência é da PM”, afirma.

“Eu não estou descumprindo o horário, mas existe uma tolerância. Às vezes, acontece de passar um pouco: no máximo até 22h05 ou 22h10”, conta Anderson, contestando, ainda, a intensidade do barulho que estaria chegando até os moradores. “Um engenheiro fez um laudo acústico e me garantiu que, ao medir os decibéis nas dependências no condomínio, não ultrapassaria o permitido.”

Em relação ao bar, o empresário admite que ocorreram problemas com um funcionário que não estava respeitando os horários. “Esse profissional foi desligado e coloquei outro no lugar. Nos dias que há jogo do Vasco, as pessoas ficam lá dentro até 23h. No entanto, elas permanecem com todas as janelas fechadas para não incomodar”, detalha Anderson.

De acordo com os protocolos estabelecidos pela Prefeitura de Juiz de Fora – dentro do programa de retomada econômica em virtude da pandemia de COVID-19 –, bares, restaurantes e praças de alimentação em geral estão autorizados a funcionar até 1h.

Apesar disso, Anderson diz que estuda uma forma de minimizar mais os barulhos. “Eu pensei em fechar a frente da quadra que fica em frente ao condomínio. Fiz alguns orçamentos e o mais barato ficou em R$ 25 mil. Infelizmente, não disponho dessa quantia no momento”, finaliza o empresário.

FONTE: Estado de Minas


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