Mercadinho nos condomínios traz conveniência aos moradores
16 dez | 5 minutos de leituraSaiba como o serviço funciona, suas vantagens e como fazer para implantar
Já imaginou ter acesso a itens básicos como aqueles encontrados em supermercados e sem precisar sair do condomínio? Em tempos de comodidade e agilidade, os mercadinhos nos prédios têm se popularizado cada vez mais no país e já são realidade em Juiz de Fora, tendo sido impulsionados pela pandemia de Covid-19. Também há propostas que oferecem produtos comercializados na feira. Estas são apenas duas das principais tendências do mercado condominial que chegaram para trazer conveniência aos moradores.
Uma das empresas que disponibiliza esse serviço na cidade é a “Seu Mercado”. “O consumidor faz suas compras sozinho, sem auxílio de atendentes ou caixas, apenas utilizando seu smartphone. A instalação oferece praticidade, visto que o morador não precisa se deslocar até um mercado tradicional, enfrentar filas ou aglomerações. Ela funciona 24h por dia durante os 7 dias da semana”, explica Yuri Pereira, um dos sócios administradores da empresa. Além dele, o negócio também é gerido por Rafael Guimarães e Vitor Ignacio.
Todo processo é feito por meio de um aplicativo. “É possível encontrar produtos alimentícios, bebidas, artigos de higiene pessoal e limpeza. O morador faz um cadastro, cria uma senha e tem acesso aos itens disponíveis para venda. Somente maiores de 18 anos podem participar, por conta de ter bebidas alcoólicas entre as opções. Esse código é usado para destrancar a porta que dá acesso ao mercadinho. O pagamento também é feito direto na plataforma e é aceito Pix ou cartão de crédito”, esclarece.
São vários modelos que podem ser instalados, dependendo do espaço disponível. “Não tem nenhum custo ao condomínio. Aqueles que apostarem no mercadinho tendem a ser mais valorizados. A empresa ganha pelo consumo das mercadorias vendidas. Um colaborador vai até as unidades e faz a reposição e organização dos produtos, assim como a limpeza do local”.
“O consumidor faz suas compras sozinho, sem auxílio de atendentes ou caixas”
Um dos objetivos do mercadinho é estimular a honestidade, afirma Yuri. “Por não ter funcionário alocado, o modelo apresenta riscos. O consumidor possui liberdade durante a compra, tendo acesso a todos os produtos e podendo selecionar e pagar por aqueles que desejar. Existe uma câmera para monitorar a movimentação e registrar possíveis infrações”.
Ao todo, a empresa atende a 7 condomínios, além de um espaço coworking em Juiz de Fora. “Para implantação, consideramos um número mínimo de 50 unidades. No entanto, uma avaliação de viabilidade é necessária, pois levamos em conta também a localização da edificação e se há algum ponto comercial próximo”, completa.
Mercadinho agrada moradores
Jorge Eduardo dos Santos é síndico morador do Condomínio Poço Rico Residências, que possui cerca de 80 apartamentos. Recentemente, o mercadinho foi instalado por lá e tem facilitado a vida dos moradores. “Eu já estava com essa ideia de implantar o modelo e conversei com o subsíndico. No início do ano, externamos o projeto aos condôminos em assembleia extraordinária e teve boa aceitação. A proposta foi colocada em prática há cerca de um mês próximo ao hall de entrada”.
Ele relata que o público do condomínio é bastante variado, mas a maior parte é composta por idosos. “Essas pessoas ficaram com sua circulação limitada nesse período de pandemia. O mini mercado agradou, pois, sem precisar sair do prédio, podem suprir suas necessidades de uma forma rápida e fácil. Já aconteceu comigo de faltar óleo para fazer um bolo em pleno domingo. Eu apenas desci dois lances de escada e peguei o produto. Não precisei trocar de roupa, nem usar o carro para ir até um mercado tradicional”, conta.
Produtos de feira em condomínios
O proprietário do Empório K, Fernando Cesar de Paiva, possui uma loja física que vende produtos de feira, como bolos, queijos, iogurtes naturais, pães caseiros, verduras, legumes e frutas sem agrotóxico, entre outros. “O síndico de um condomínio me procurou para ver a possibilidade de levar esses itens para serem comercializados no prédio e, assim, oferecer comodidade aos moradores”.
A parceria começou durante a pandemia e deu muito certo, segundo Fernando. “Sempre às sextas-feiras, entre 8h e 12h, monto uma bancada com todas as delícias no edifício Dilermando Cruz no bairro Santa Helena. Os moradores já se acostumaram e ficam esperando o dia chegar. O condomínio dá o suporte necessário e já deixa uma mesa grande e algumas cadeiras separadas. O atendimento é caprichado e o preço também costuma sair mais barato do que comprar em mercado. Os produtos são selecionados, bem lavados e esterilizados para garantir a satisfação do cliente”, diz Fernando.
Burocracias para implantação
De modo geral, a colocação de uma lojinha de conveniência no condomínio é possível com quórum de maioria simples dos presentes na assembleia, por se tratar de um benefício coletivo. Esse quórum envolve apenas os casos em que não haverá obra envolvida, nem custo, muito menos supressão ou alteração da destinação original de uma área comum.
No entanto, o tema é complexo do ponto de vista jurídico e há especialistas que defendem um quórum qualificado. Os que são a favor de maioria absoluta, equiparam a instalação do mercado a uma obra útil. Aqueles que exigem dois terços, baseiam-se no quórum necessário para alteração da Convenção e no artigo 1.342 do Código Civil. Já os que recomendam a unanimidade concluem que, nesse caso, fica alterada a destinação do edifício, quando estritamente residencial. Assim, cabe ao condomínio assumir, com o coletivo, eventuais riscos de objeções e discussões futuras.