Em busca de profissionalismo

27 maio | 5 minutos de leitura
Elisangela Nogueira acredita que o mercado condominial precisa evoluir
Elisangela Nogueira

A pandemia causada pelo novo coronavírus afetou a forma de fazer jornalismo nos principais veículos de comunicação do país. TVs, rádios, sites e jornais impressos passaram a adotar novas estratégias para levar a informação até o público.  Com a revista O Síndico não foi diferente. Respeitando o isolamento social, optamos por fazer as apurações de nossas matérias utilizando ferramentas como o WhatsApp, por meio da qual foi feita a entrevista com a síndica profissional, administradora e gestora do Grupo Nogueira, Elisangela Nogueira.

Apaixonada pela atuação junto ao mercado condominial de Juiz de Fora, ela propôs, durante a Rodada Condominial de Negócios – Edição Juiz de Fora, em fevereiro, a criação de uma associação de administradoras. Isso porque, na visão dela, o mercado ainda precisa crescer no que diz respeito ao profissionalismo, e a associação seria decisiva neste sentido, principalmente ao compartilhar conhecimentos. Atenta ao crescimento do mercado, ela aposta na Zona Norte como novo vetor de desenvolvimento do segmento, pois acredita que as características das habitações desta região estão mudando.

Como é a sua experiência como síndica profissional?

Eu amo lidar com pessoas e ser síndica profissional, pois é estar em constante aprimoramento e transformação para atender aos clientes e condomínios da melhor maneira possível, buscando o equilíbrio diário entre moradores. Não se trata de uma tarefa fácil ou uma simples profissão. Ser síndico hoje, profissional ou não, é saber lidar com situações cotidianas que nem sempre estão sob nosso controle, é ter autocontrole para cuidar do patrimônio do outro. É conhecimento e aprendizagem diária.

Como você vê o mercado de administração de condomínios em Juiz de Fora na atualidade?

Vejo como um mercado profissional promissor. Todavia, assim como em outras áreas, temos profissionais inaptos à função. Para ser administradora de condomínios nos dias atuais e no mercado futuro é necessário se profissionalizar e estudar mais a cada dia. Atualmente, a administradora não pode ser mais uma ‘emissora de boletos’ e organizadora de papéis. Para que um condomínio ou associação seja realmente administrado, é necessário um suporte maior, que inclua conhecimentos em diversas áreas, tais como jurídica, administrativa, contábil, de engenharia e gestão de pessoas.

Durante a Rodada Condominial de Negócios – Edição Juiz de Fora, você chegou a mencionar a necessidade de criação de uma associação de administradoras na cidade. Por quê?

Com o crescimento do número de novas administradoras e síndicos profissionais, temos uma oferta de mercado em Juiz de Fora e região, a qual, infelizmente, não está apta a atender aos condomínios e às associações com a segurança jurídica e contábil necessária, o que pode vir a causar danos futuros aos condôminos.

Quais os benefícios que a associação proporcionaria?

A associação poderia trazer benefícios tanto para as administradoras como para seus colaboradores e, também, aos edifícios administrados, uma vez que a força de uma associação é capaz de proporcionar a união dos profissionais, tornando o mercado mais qualificado, prestando serviços com mais qualidade e profissionalismo aos seus clientes. O objetivo da associação seria o compartilhamento de conhecimento entre os profissionais da área condominial, a fim de gerar melhorias nos serviços prestados, visando ao profissionalismo, à ética e à equidade do mercado de administradoras e síndicos profissionais para que sejam reconhecidos e valorizados.

A região Norte de Juiz de Fora tem crescido muito. Você acredita que seja uma área de expansão do mercado de condomínios na cidade?

Acredito que seja. Tanto que eu, há muitos anos, já trabalho na região como síndica profissional e, também, com administração de condomínios. Como gestora do Grupo Nogueira, resolvi investir na região, tendo uma estrutura completa atendendo ao mercado local, que é local de grande crescimento de condomínios e associações na cidade. Há grande extensão e verticalização da Zona Norte, com alto índice de expansão e desenvolvimento, uma vez que têm chegado grandes empresas, shoppings e faculdades, deixando de ser região de residências unifamiliares e condomínios pequenos.

Como o novo coronavírus afetou os condomínios de Juiz de Fora?

A COVID-19 trouxe uma nova realidade aos condomínios. Foi necessária uma reeducação total, em especial em relação aos condôminos, que tiveram que aprender a viver isoladamente em comunidade. A grande dificuldade que enfrentamos é com os que possuem área de uso comum, tais como piscinas, playground, salões de festa e academia de ginástica, pois esses espaços que tiveram de ser isolados. Diante disso, passamos por problemas como a falta de compreensão de muitos moradores, que questionavam o direito de propriedade, o que, na situação de pandemia, teve que ser restringido em muitos casos, para o bem comum. Tivemos que adotar medidas conjuntamente com os síndicos dos condomínios administrados e as conservadoras parceiras, conscientizando condôminos e colaboradores para que o quesito limpeza e conservação recebesse atenção redobrada, a fim de contribuir para a não propagação do vírus. Sendo assim, equipamos nossos funcionários com todas as medidas instituídas pelo Ministério da Saúde e oferecemos instalação de álcool gel em muitos condomínios.

O que mudou na rotina das administradoras com a pandemia?

Em relação à rotina das administradoras, eu, como síndica profissional, conjuntamente com o Grupo Nogueira, não sentimos muita dificuldade no quesito tecnologia, haja visto que já trabalhávamos de forma on-line e conectada há muito tempo. Porém, acredito que muitas administradoras tiveram que se adaptar a isso, pois trabalham ainda no método tradicional. Diante disso, o que mais senti, e também os clientes, em especial os idosos, foi a falta de contato físico e pessoal, pois esses condôminos têm a necessidade de estar presente no dia a dia do condomínio, e o período de isolamento social tem sido muito difícil para todos.

Alguma dica para enfrentar essa crise?

A dica que tenho a compartilhar com todos é a constante prática da conscientização e a empatia entre os condôminos, síndicos e administradoras, e, para nós, profissionais do mercado, a qualificação profissional.

FONTE: Revista O Síndico – Edição 38


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