Desafios e Soluções da Eletromobilidade em Condomínios

Infraestrutura de recarga começa a ganhar espaço nos condomínios e valoriza o patrimônio.

Desafios e Soluções da Eletromobilidade em Condomínios

Jonatan, da Picard Energy, alerta: instalação segura exige estudo técnico e profissional habilitado.

A ascensão dos veículos elétricos não é mais uma tendência distante, mas uma realidade em expansão no Brasil e no mundo

Com a chegada de novas montadoras e a crescente produção local, a expectativa é de que os preços dos carros elétricos tornem-se mais acessíveis, impulsionando ainda mais essa modalidade de transporte. Nesse cenário, a infraestrutura de recarga em condomínios, surge como um ponto importante no processo da transição energética, trazendo consigo desafios e oportunidades para síndicos e moradores.

A popularização dos carros elétricos já se reflete no aumento da demanda por instalações em Juiz de Fora e região. Jonatan Cancino Bretas, técnico em Eletrotécnica da Picard Energy, empresa especializada nesse tipo de instalação, revela que a procura por orçamentos e serviços teve um aumento considerável este ano em comparação com 2024. “Nossa demanda aumentou em 44% em relação ao ano passado, no período de janeiro a maio”, afirma Bretas, destacando o aquecimento do mercado.

 

Adequação Urgente

A instalação de carregadores para veículos elétricos é um passo fundamental para a modernização dos condomínios. Além de proporcionar liberdade de escolha aos moradores, contribui para um ambiente mais sustentável e agrega valor ao patrimônio, tornando os imóveis mais atrativos e preparados para o futuro.

No entanto, essa modernização vai muito além de “puxar uma tomada”. Exige planejamento, estudo técnico aprofundado, investimento e gestão. Mario Souza, síndico profissional da Gomes e Souza Administradora de Condomínios, que administra 84 condomínios, enfatiza: “Uma deliberação dessas o síndico não pode assumir sozinho. Então nós levamos o tema para uma assembleia. Tendo a aprovação do condomínio, o próximo passo é dos moradores interessados procurarem uma empresa responsável”, explica.

Os Riscos 

Um dos maiores alertas dos especialistas é sobre os riscos de instalações inadequadas. “É como se fosse uma instalação de chuveiro mal feita. Se é feita uma instalação de forma incorreta, a tendência é que ele queime a resistência ou pegue fogo gerando um problema”, explica Jonatan. 

O técnico lembra ainda que o carro elétrico tem um tempo mínimo de carga muito além dos 20 minutos médios de duração de um banho. “Um carro elétrico fica, no mínimo, uma hora e meia carregando. Imagine o quanto o cabo de energia vai esquentar por conta disso. Se você não tem a fiação correta, corre o risco de fechar curto e pegar fogo”, exemplifica.

De acordo com o técnico, toda instalação deve seguir um rigoroso controle técnico, com estudo de carga, projeto elétrico detalhado e emissão de Termo de Responsabilidade Técnica (ART ou TRT) por profissional habilitado no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) ou Conselho Regional dos Técnicos Industriais (CRT), garantindo a segurança da edificação, dos veículos e dos moradores, conforme as normas vigentes. A NBR 17.019, norma técnica brasileira para instalações de carregamento de veículos elétricos, é o principal guia para garantir a segurança e o bom funcionamento desses sistemas.

Cenário Regulatório

A preocupação acerca do tema tem ganhado espaço em Brasília. O Projeto de Lei 158/25, em discussão na Câmara dos Deputados, busca regulamentar a instalação de pontos individuais de recarga em condomínios, garantindo o direito do condômino de instalar sua própria estação de carregamento em sua vaga privativa, desde que cumpra as normas  técnicas e de segurança e não seja proibido pela convenção do condomínio.

Modelos de Implantação

Para a demanda atual existem dois modelos principais de implantação de infraestrutura para veículos elétricos em condomínios:

Instalação Individual Direta do Apartamento: Neste cenário, cada morador interessado instala seu próprio carregador (wallbox ou tomada) em uma rede de cerca de 32 amperes, com a alimentação elétrica retirada diretamente do quadro de energia de sua unidade. Não há impacto na rede elétrica coletiva do condomínio, e o consumo de energia é registrado diretamente na conta do apartamento. Em caso de sobrecarga, o disjuntor da unidade é acionado, sem reflexos na rede comum.

Instalação de Carregador de Uso Comum na Rede Coletiva: Alternativamente, o condomínio pode optar por um carregador coletivo numa rede de cerca de 60 amperes, de uso compartilhado, alimentado pela rede elétrica geral do edifício. Para isso, é fundamental um estudo técnico de carga para verificar a disponibilidade e segurança da instalação, o serviço é oferecido por algumas empresas com monitoramento contínuo da carga por mais de um mês. Após o monitoramento, é emitido um laudo técnico atestando a viabilidade e indicando o tipo de carregador compatível. 

Papel do Síndico 

Para o síndico Mário Souza, decisões sobre recarga elétrica devem sempre passar pela assembleia.

Mário, o síndico profissional, destaca que, em seus condomínios, a demanda predominante tem sido a de instalações particulares. Ele orienta os moradores interessados a buscarem empresas responsáveis: “O importante é frisar que existe a necessidade de tudo ser  regularizado para evitar o risco, pois se a instalação um dia sobrecarregar de alguma forma e causar um acidente, pode vitimar um prédio inteiro”, alerta Mário.

Jonatan corrobora a importância da contratação de uma empresa devidamente registrada, homologada pelas empresas de carregadores e de carros elétricos, que emita notas fiscais, projeto e ART, e que possua pessoal capacitado.

A eletromobilidade é uma realidade que já bate à porta dos condomínios. A informação e a busca por profissionais qualificados são as chaves para uma transição segura e eficiente, garantindo a modernização dos espaços e a valorização do patrimônio. 

Fonte: revista O Síndico Edição 60