Ações geram consciência e economia nos condomínios

16 jan | 7 minutos de leitura
Vista área da usina solar do Condomínio do Edifício Residencial Green Tower Rio Branco

CONDOMÍNIO SUSTENTÁVEL PROMOVE O USO EFICIENTE DE RECURSOS NATURAIS, A REDUÇÃO DE RESÍDUOS, A ECONOMIA DE ENERGIA E ÁGUA E A CRIAÇÃO DE UM AMBIENTE SAUDÁVEL


Uma das definições de sustentabilidade surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. Por ela, entende-se que sustentabilidade envolve práticas capazes de suprir as necessidades da geração atual, garantindo a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento sustentável aquele que não esgota os recursos para o futuro. É a capacidade de uso consciente dos recursos naturais sem comprometer o bem-estar das gerações futuras.

Alexandre explica que motivação veio da sustentabilidade, do retorno financeiro e preparação para o envelhecimento da edificação

É cada vez mais importante que pessoas, empresas, comunidades e instituições tenham consciência de que são parte integrante do mundo e não consumidoras do mundo. O reconhecimento de que os recursos naturais são finitos e de que nós dependemos destes para a sobrevivência humana, para a conservação da diversidade biológica e para o próprio crescimento econômico é fundamental para o desenvolvimento sustentável, o qual sugere a utilização dos recursos naturais com qualidade e não em quantidade.

E o que fazer para que seu condomínio seja um espaço sustentável? O condomínio sustentável promove o uso eficiente de recursos naturais, a redução de resíduos, a economia de energia e água, e a criação de um ambiente saudável e equilibrado para os moradores ou usuários.

Na mesma direção, temos o conceito de condomínios inteligentes, que são aqueles que adotam práticas que buscam garantir gerenciamento de processos, recursos e segurança de formas econômica, eficiente e moderna. Com essas práticas, é possível proporcionar conforto e praticidade para o síndico e, especialmente, para os moradores. Soluções inovadoras que oferecerem melhor qualidade de vida aos condôminos.

Unindo, então, os conceitos de sustentabilidade e condomínios inteligentes, temos como resultados práticas que geram economia e melhoram a gestão dos recursos, ao mesmo tempo em que contribuem para a preservação do planeta. Na maioria das vezes, são atitudes simples que fazem uma grande diferença no cotidiano.

Segundo dados do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), em todo o Brasil, são mais de 200 mil condomínios e 68 milhões de pessoas vivendo neles. Números tão altos demonstram a diferença nos resultados se cada um fizesse sua parte quanto a atitudes sustentáveis.

Usina solar traz excelentes resultados

Em Juiz de Fora, o síndico do Condomínio do Edifício Residencial Green Tower Rio Branco, na Garganta do Dilermando, Alexandre Stefanon Marcaccini, vem colhendo excelentes resultados a partir da instalação, em junho de 2023, de uma usina solar. “Hoje, temos energia limpa e renovável. Somos o único condomínio na região que tem uma usina que gera 5000kw por mês. É muita coisa! Os condomínios não constroem usinas e sim fazem contratos com empresas de energia solar para ter um desconto de 13% a 20% na conta mensal. Nós não, nós geramos nossa energia e, se houver sobra, podemos vendê-la também”, projeta Alexandre.

Ele relata que o condomínio conta com três medidores de energia, os quais geravam contas mensais em torno de R$ 4.500,00. “Atualmente, somente um medidor gera a fatura mensal em torno de R$ 500,00, que é o mínimo que a concessionária de energia cobra e a iluminação pública. Assim, tivemos uma economia de R$ 4.000,00 mensais, o que gera economia de R$ 48.000,00 a cada ano. Com a economia mensal, pagamos a parcela do financiamento da usina. Ao finalizar o financiamento de 60 meses, não pagaremos conta mensal e nem parcela do financiamento.”

Foi em março de 2022 que o síndico, juntamente com subsíndico, conselheiros e uma equipe interna, começou a estudar sobre a possibilidade de instalação da usina. Até a aprovação em assembleia foram um ano e oito meses de estudos. “Fizemos o contrato em novembro de 2023.”

“Temos energia limpa e renovável. Somos o único condomínio na região que tem uma usina que gera 5000kw por mês”

A motivação, segundo o síndico, veio de três propósitos: sustentabilidade, retorno financeiro, preparação para o envelhecimento da edificação. “Nos espelhamos na tecnologia, fonte de energia renovável e em um futuro que já é presente. Condomínio é uma ‘empresa’.” Seguindo nessa linha, ele destaca o orgulho de saber que o condomínio está contribuindo para o planeta. “Além disso, é importante pensar que nossa economia mensal poderá ser revertida em obras referentes ao envelhecimento da edificação, ponto em que poucos síndicos pensam.”

Conscientização prévia

Alexandre conta que, antes de levar o assunto para votação em assembleia, fez um trabalho de conscientização no condomínio. “Fiz várias reuniões prévias com os moradores. Ao chegar na assembleia, todos já sabiam o que iriam encontrar e como votar. De 262 apartamentos, tivemos 73% presentes. Do total de presentes, 94% votaram a favor e 6% contra.”

Dodora aponta que um sistema de bombas distribui a água de um bloco para outro

Ideia aprovada, uma das principais dificuldades foi encontrar a melhor forma de fazer a usina. “Muitas empresas diferentes com  propostas muito diferentes. Qual fazer? Optamos por uma empresa do Paraná que se mostrou muito profissional e fez um estudo de 48h da posição do sol para determinar o local de instalação das placas de modo a  não haver sombra sobre elas. As placas foram instaladas onde recebem 100% da incidência solar e produzem 100% de suas capacidades em gerar energia.”

O síndico lembra que, durante os estudos sobre a usina, foram feitas muitas análises financeiras. “Tenho especialização em finanças, o que ajudou muito a montar os custos da operação e o retorno financeiro. Negociamos junto ao banco um financiamento de 100% do valor da usina e uma carência de 120 dias para começarmos a pagar. Dessa forma, só iríamos pagar a primeira parcela após a instalação da usina. Usamos parte do fundo reserva para pagar custos extras, como reforço do telhado, guincho para subir as placas, almoço dos trabalhadores e furos nos vãos dos elevadores para passar os fios. Fizemos também uma planilha do indicador financeiro que nos mostra o tempo do retorno do investimento.”

Água de chuva reaproveitada

No Condomínio do Edifício Residencial Bella Roma, no bairro São Mateus, o exemplo de gestão com foco na sustentabilidade vem do reaproveitamento da água de chuva. A síndica Maria Auxiliadora Juste Mendes, mais conhecida como Dodora, explica que a ideia surgiu entre os anos de 2014 e 2015, quando a Companhia de Saneamento Municipal (Cesama) decretou o racionamento de água no município em função da estiagem que afetou a região Sudeste.

“Depois desse fato, nós construímos um depósito com capacidade para 10 mil litros de água. Tempos depois, fizemos mais um, esse com capacidade para 37 mil litros de água. Toda água usada na limpeza do nosso condomínio, que tem cem unidades distribuídas em quatro blocos, vem da chuva.”

“Toda água usada na limpeza do nosso condomínio, que tem cem unidades, vem da chuva”

Para o armazenamento, são utilizadas caixas d’água, que receberam coberturas, ocupando 1/4 do telhado dos blocos A e B. “Os depósitos estão lotados, mesmo com uso frequente, destinado à lavagem dos pátios e garagens, além de limpezas menores. Temos um sistema de bombas que, acionadas, distribuem e jogam a água de um bloco para outro.”

A síndica afirma que o investimento não foi tão alto. “Fizemos uma estrutura metálica elevada em uma passagem de pedestres. Não me lembro ao certo dos custos, mas não foi nada tão elevado.” A certeza dela é quanto à redução de gastos. De acordo com Dodora, o condomínio de cem apartamentos não chega a pagar R$ 6 mil de água, o que dá menos de R$ 60 por unidade. Síndica há 13 anos, ela afirma que a ideia de reaproveitamento da água da chuva só não teve aprovação de um morador. “Mas conseguimos colocar em prática e isso importa.”

FONTE: Revista O Síndico – Edição 56


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