PC Lourenço aponta necessidade de ligação entre construtora, incorporadora, administradora e imobiliária

04 out | 7 minutos de leitura
O Independência 915 traz itens dos novos edifícios que vêm sendo construídos na cidade, como áreas de lazer na parte superior

ARQUITETO E URBANISTA SINALIZA COMO POSITIVA A PARTICIPAÇÃO DE SÍNDICOS E ADMINISTRADORAS


Para PC Lourenço, a valorização do trabalho dos arquitetos foi uma conquista ao longo do tempo

A importância da arquitetura em projetos de construção de edifícios, as novidades no mercado, a percepção de um profissional de arquitetura e urbanismo quanto à tríade construtora/ incorporadora, imobiliária e administradora de condomínio. Para abordar tais temas, entrevistamos o arquiteto e urbanista Paulo César Lourenço, PC Lourenço, que está à frente, junto ao sócio Bruno Sarmento, da Lourenço | Sarmento Arquitetos, empresa que está no mercado de Juiz de Fora há 24 anos.

Além disso, os profissionais somam a experiência acadêmica, tendo sido convidados a montar o curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro de Ensino Superior (CES), hoje UniAcademia. PC foi coordenador do curso por oito anos. Outra experiência de PC é como síndico do condomínio onde mora. O mandato é em formato de rodízio e ele esteve na função, até o ano passado.

Revista O Síndico: Conte um pouco sobre a história da Lourenço | Sarmento e sua relação com os edifícios de Juiz de Fora.

PC Lourenço: Nossa história começa em 22 de janeiro de 1998, quando oficialmente iniciamos no escritório na rua Santo Antônio, montado em garagens cedidas pelo meu pai, Paulo de Toledo Lourenço. Fazíamos lojas, reformas, casas e fomos ganhamos corpo com as oportunidades que tivemos. No início, em 1999, alguns empreendedores impulsionaram nossa carreira, como Renato Machado e os sócios do Alameda Shopping, Antônio Arbex, José Ricardo Daibert e Carlos Alberto Sigiliano. Com eles, aprendemos a empreender e a sermos dinâmicos. Lá se vão 24 anos de trabalho. Hoje, temos arquitetos que estão conosco há 20 anos. A arquitetura e urbanismo é um trabalho de equipe, não apenas interno, mas também com outros profissionais. Sempre fomos muito preocupados com as questões que envolvem arquitetura e urbanismo, com a qualidade de vida das pessoas, e também com a estruturação profissional. Juiz de Fora demonstra uma defasagem de oferta de serviços de arquitetura, visto que o primeiro curso superior na UFJF teve início somente em 1992, fato que começou a gerar um impacto na estrutura urbana e em boa parte daquilo que é construído na cidade. Quando começamos, a profissão era nova aqui, por isso, foi preciso construir um conceito. O tempo foi passando e vieram trabalhos em grandes empreendimentos comerciais, como o Independência Shopping e o Shopping Jardim Norte e outros de fora da cidade, até chegarmos ao segmento imobiliário, contabilizando, inclusive, cerca de 25 projetos para o Alphaville em todo o Brasil. Um trabalho marcante foi o do edifício Maiorca, no Bom Pastor, que ficou pronto em 2008. Foi um rompimento com o paradigma da tipologia tradicional utilizada nos edifícios de Juiz de Fora, trazendo características mais modernas e contemporâneas.

Mudou muita coisa, com o passar do tempo, com relação à aceitação e à abertura de mente quanto aos projetos arquitetônicos?

Sim e não. Mudou porque é natural. Nós mesmos somos instigados a pensar o novo. Falando exclusivamente do segmento imobiliário, que inclui grandes equipamentos comerciais, temos um cenário socioeconômico que preocupa, quanto a custos e valores, devido à instabilidade econômica mundial. É um dos primeiros pontos a serem abordados, porque o mercado não consegue repassar isso, ele não vende um apartamento por um valor maior porque fez um investimento maior, já que existe um teto, um limite. Mas é algo cíclico. Vejo momentos positivos vindo pela frente.

Qual é a importância de profissionais de arquitetura em projetos de construção de condomínios?

200% de importância. Condomínios existirão depois da obra definida. A vida vem depois e nós projetamos arquitetura para as pessoas viverem, não importa qual objeto arquitetônico está sendo projetado. Um dos temas que merece nosso foco diz respeito aos espaços. O que define o que teremos em um condomínio? Vai ter salão de festas, área gourmet, academia de ginástica? Definimos em função da experiência, do que as imobiliárias mostram que o mercado está esperando, do que o mercado está absorvendo, mas isso tem impacto e o primeiro é o custo, quanto custa fazer e manter. Muitas vezes, esses espaços demandam suporte. Pensamos isso junto aos envolvidos. Nós não somos o braço mecânico dos nossos clientes, nós ajudamos a pensar. Aqui percebo uma lacuna, por não termos a opinião de quem usa lá na frente, de quem administra tais espaços, como um síndico ou uma administradora, que poderia apontar o que funciona ou não no dia a dia. Penso que poderia ser criado um modelo a ser seguido, uma espécie de manual, com referências a serem seguidas a partir das experiências das pessoas. Sinto falta dessa relação mais próxima.

No ano de 2008, o edifício Maiorca rompeu com o paradigma da arquitetura tradicional, trazendo características modernas e contemporâneas

O que podemos abordar quanto ao custo de se contratar um arquiteto e a valorização de um imóvel após tal contratação?

O custo é ínfimo se formos avaliar pelo total do investimento. A valorização deste trabalho foi uma construção ao longo do tempo, foi uma conquista. Se alguém pesquisar a curva das profissões em nossa cidade, veríamos que a da arquitetura teve uma crescente absurda. Hoje, as pessoas buscam reformas imobiliárias, vemos incorporações antecipar demandas. Trabalhamos com a personalização de onde se vai morar.

Quais são as últimas novidades do mercado de novos condomínios?

Não é novidade, é algo que o mercado já percebeu por demanda. Trata-se de uma relação direta. Muitas vezes, o mercado provoca, outras vezes, a sociedade demonstra tal demanda. Falo das novas tipologias das unidades, ou seja, da adequação de dimensão em função da capacidade de investimento da sociedade e em função do modo de vida das pessoas. No primeiro caso, temos a adequação para que o produto caiba no bolso das pessoas. Por outro lado, a mudança é provocada pela forma como as pessoas moram e encaram o morar. Aí surgem os studios, que têm valor baixo, mas permitem que as pessoas, que estão em constantes mudanças – de casa, de emprego, consigam repassá-los no caso de necessidade. Aqui, temos equipamentos bem montados, afinal, não cabe mais improvisação.

“Percebo uma lacuna, por não termos a opinião de quem usa lá na frente, de quem administra tais espaços, como um síndico ou uma administradora”

O que temos de inovação para halls de entrada e fachadas quando se fala em revitalização?

Temos o conceito retrofit, que designa pegar um edifício que tinha um uso e transformar em outro uso, por exemplo, tínhamos um edifício com salas e transformamos em studios. Trata-se de uma adequação de mercado, é uma revitalização, uma requalificação de mercado. Em Juiz de Fora, temos reformas, mas ainda não o retrofit, embora o termo venha sendo usado quando se fala em uma grande remodelação de edifícios. Como exemplos, podemos citar o Edifício das Clínicas, o São Lucas e alguns edifícios do Calçadão da Halfeld. Temos visto, também, reformas de hall, de áreas de lazer. O antigo salão de festas, antes montado em um espaço que sobrava, tem dado lugar ao espaço gourmet, que tem outro propósito, visto que as pessoas têm buscado vivenciar os espaços. Os novos edifícios já estão implantando a área de lazer no topo do prédio, como é o caso do Le Quartier, o Independência 915 e o Diamond Downtown.

Como você vê a ligação construtora, incorporadora, imobiliária e administradora?

Vejo uma relação muito fordiana, onde cada um faz uma coisa, em referência ao sistema de linhas de produção criado por Henry Ford. Por isso, percebo uma lacuna entre a questão burocrática legal, que envolve memorial de incorporação e convenção de condomínio, e o operacional. Penso que pode haver contribuição de vários lados. Se temos o olhar de todo mundo, temos oportunidade de ouvir e ponderar. Se estabelecermos uma ligação, muitas coisas poderão ser absorvidas e teremos um impacto na questão condominial. A convenção de condomínio costuma ser criada à base do copia e cola. Acontece que tem uma série de fatores que são referentes àquela sociedade condominial. Quem tem a experiência, pode apresentar possíveis demandas.

FONTE: Revista O Síndico – Edição 51


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