Novas Regras para Carregadores de Carros Elétricos em Condomínios de SP geram alerta

Carros Elétricos e Garagens Seguras – Um Tema de Atenção Nacional

A crescente adesão aos veículos elétricos traz um desafio e uma oportunidade para os condomínios: como instalar pontos de recarga de forma segura e eficiente? No epicentro dessa discussão, a segurança nas garagens tem ganhado destaque, com iniciativas importantes que moldarão o futuro da eletromobilidade condominial em todo o Brasil.

Trazemos as discussões sobre as regras para carregadores em condomínios, destacando as diretrizes que estão sendo desenvolvidas para garantir a proteção de moradores e do patrimônio. Síndicos, subsíndicos, administradoras e conselheiros de Juiz de Fora e demais cidades brasileiras precisam estar atentos a esses desenvolvimentos.

São Paulo Lidera com Novas Diretrizes: A Cartilha dos Bombeiros e as Regras Essenciais

O Corpo de Bombeiros de São Paulo está na vanguarda da segurança para a eletromobilidade em edifícios. Em breve, será lançada uma cartilha específica com regras claras para garagens que abrigam carregadores de carros elétricos. Essa iniciativa, fruto parceria com o Governo do Estado e a ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos), visa padronizar procedimentos e requisitos, servindo como um modelo que pode influenciar regulamentações em outros estados e municípios, incluindo Juiz de Fora.

O foco da cartilha será em aspectos cruciais de segurança. Entre os pontos que deverão ser abordados, destacam-se:

    • Prevenção e Combate a Incêndios: Medidas de combate e prevenção, como a necessidade de detectores de fumaça específicos, sensores de calor, chuveiros automáticos e ventiladores para renovação de ar.
    • Instalação Elétrica Segura: Orientações sobre a capacidade da rede elétrica do condomínio, a correta instalação de circuitos dedicados para cada ponto de recarga, o uso de disjuntores e fiação apropriados, e a importância de ARTs (Anotações de Responsabilidade Técnica) para as instalações.
    • Espaçamento e Ventilação: Recomendações sobre o distanciamento entre os veículos e os carregadores, além da ventilação adequada das áreas de recarga para dissipar qualquer acúmulo de calor.
  • Sinalização e Uso: A importância de placas de sinalização clara, orientando sobre o uso correto dos carregadores e os procedimentos de emergência.

As regras em debate em São Paulo, como a necessidade de ART de engenheiro eletricista para a instalação e a proibição de uso de adaptadores em tomadas comuns para recarga, reforçam a seriedade do tema e a necessidade de profissionalismo.

Impacto para Condomínios: Preparação e Conformidade

Para condomínios em Juiz de Fora e em todo o Brasil, a chegada dessas diretrizes significa a necessidade de uma análise proativa:

  1. Avaliação da Infraestrutura: Realizar um estudo técnico detalhado da capacidade elétrica do condomínio para suportar a demanda dos carregadores, evitando sobrecargas e riscos.
  2. Adequação às Normas de Segurança: Implementar as recomendações dos Bombeiros, adaptando as garagens com as medidas de prevenção e combate a incêndio exigidas.
  3. Planejamento e Investimento: Considerar a instalação de carregadores como um projeto de infraestrutura que exige planejamento, aprovação em assembleia e, se necessário, investimento em adequações.
  4. Informação e Conscientização: Manter moradores e usuários informados sobre as regras de segurança e o uso correto dos carregadores.

Conclusão: Segurança Acima de Tudo na Era Elétrica

A expansão dos carros elétricos é uma realidade que impulsiona a modernização dos condomínios. Ao focar na segurança e na conformidade com as novas diretrizes que estão surgindo, síndicos e administradoras garantem não apenas a funcionalidade, mas principalmente a integridade de seus edifícios e a tranquilidade de seus moradores. O que acontece em São Paulo serve de alerta e aprendizado para todas as cidades, incluindo Juiz de Fora, sobre a importância de abraçar a eletromobilidade com responsabilidade e segurança.

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Fonte: SíndicoJF

Desafios e Soluções da Eletromobilidade em Condomínios

Infraestrutura de recarga começa a ganhar espaço nos condomínios e valoriza o patrimônio.

Desafios e Soluções da Eletromobilidade em Condomínios

Jonatan, da Picard Energy, alerta: instalação segura exige estudo técnico e profissional habilitado.

A ascensão dos veículos elétricos não é mais uma tendência distante, mas uma realidade em expansão no Brasil e no mundo

Com a chegada de novas montadoras e a crescente produção local, a expectativa é de que os preços dos carros elétricos tornem-se mais acessíveis, impulsionando ainda mais essa modalidade de transporte. Nesse cenário, a infraestrutura de recarga em condomínios, surge como um ponto importante no processo da transição energética, trazendo consigo desafios e oportunidades para síndicos e moradores.

A popularização dos carros elétricos já se reflete no aumento da demanda por instalações em Juiz de Fora e região. Jonatan Cancino Bretas, técnico em Eletrotécnica da Picard Energy, empresa especializada nesse tipo de instalação, revela que a procura por orçamentos e serviços teve um aumento considerável este ano em comparação com 2024. “Nossa demanda aumentou em 44% em relação ao ano passado, no período de janeiro a maio”, afirma Bretas, destacando o aquecimento do mercado.

 

Adequação Urgente

A instalação de carregadores para veículos elétricos é um passo fundamental para a modernização dos condomínios. Além de proporcionar liberdade de escolha aos moradores, contribui para um ambiente mais sustentável e agrega valor ao patrimônio, tornando os imóveis mais atrativos e preparados para o futuro.

No entanto, essa modernização vai muito além de “puxar uma tomada”. Exige planejamento, estudo técnico aprofundado, investimento e gestão. Mario Souza, síndico profissional da Gomes e Souza Administradora de Condomínios, que administra 84 condomínios, enfatiza: “Uma deliberação dessas o síndico não pode assumir sozinho. Então nós levamos o tema para uma assembleia. Tendo a aprovação do condomínio, o próximo passo é dos moradores interessados procurarem uma empresa responsável”, explica.

Os Riscos 

Um dos maiores alertas dos especialistas é sobre os riscos de instalações inadequadas. “É como se fosse uma instalação de chuveiro mal feita. Se é feita uma instalação de forma incorreta, a tendência é que ele queime a resistência ou pegue fogo gerando um problema”, explica Jonatan. 

O técnico lembra ainda que o carro elétrico tem um tempo mínimo de carga muito além dos 20 minutos médios de duração de um banho. “Um carro elétrico fica, no mínimo, uma hora e meia carregando. Imagine o quanto o cabo de energia vai esquentar por conta disso. Se você não tem a fiação correta, corre o risco de fechar curto e pegar fogo”, exemplifica.

De acordo com o técnico, toda instalação deve seguir um rigoroso controle técnico, com estudo de carga, projeto elétrico detalhado e emissão de Termo de Responsabilidade Técnica (ART ou TRT) por profissional habilitado no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) ou Conselho Regional dos Técnicos Industriais (CRT), garantindo a segurança da edificação, dos veículos e dos moradores, conforme as normas vigentes. A NBR 17.019, norma técnica brasileira para instalações de carregamento de veículos elétricos, é o principal guia para garantir a segurança e o bom funcionamento desses sistemas.

Cenário Regulatório

A preocupação acerca do tema tem ganhado espaço em Brasília. O Projeto de Lei 158/25, em discussão na Câmara dos Deputados, busca regulamentar a instalação de pontos individuais de recarga em condomínios, garantindo o direito do condômino de instalar sua própria estação de carregamento em sua vaga privativa, desde que cumpra as normas  técnicas e de segurança e não seja proibido pela convenção do condomínio.

Modelos de Implantação

Para a demanda atual existem dois modelos principais de implantação de infraestrutura para veículos elétricos em condomínios:

Instalação Individual Direta do Apartamento: Neste cenário, cada morador interessado instala seu próprio carregador (wallbox ou tomada) em uma rede de cerca de 32 amperes, com a alimentação elétrica retirada diretamente do quadro de energia de sua unidade. Não há impacto na rede elétrica coletiva do condomínio, e o consumo de energia é registrado diretamente na conta do apartamento. Em caso de sobrecarga, o disjuntor da unidade é acionado, sem reflexos na rede comum.

Instalação de Carregador de Uso Comum na Rede Coletiva: Alternativamente, o condomínio pode optar por um carregador coletivo numa rede de cerca de 60 amperes, de uso compartilhado, alimentado pela rede elétrica geral do edifício. Para isso, é fundamental um estudo técnico de carga para verificar a disponibilidade e segurança da instalação, o serviço é oferecido por algumas empresas com monitoramento contínuo da carga por mais de um mês. Após o monitoramento, é emitido um laudo técnico atestando a viabilidade e indicando o tipo de carregador compatível. 

Papel do Síndico 

Para o síndico Mário Souza, decisões sobre recarga elétrica devem sempre passar pela assembleia.

Mário, o síndico profissional, destaca que, em seus condomínios, a demanda predominante tem sido a de instalações particulares. Ele orienta os moradores interessados a buscarem empresas responsáveis: “O importante é frisar que existe a necessidade de tudo ser  regularizado para evitar o risco, pois se a instalação um dia sobrecarregar de alguma forma e causar um acidente, pode vitimar um prédio inteiro”, alerta Mário.

Jonatan corrobora a importância da contratação de uma empresa devidamente registrada, homologada pelas empresas de carregadores e de carros elétricos, que emita notas fiscais, projeto e ART, e que possua pessoal capacitado.

A eletromobilidade é uma realidade que já bate à porta dos condomínios. A informação e a busca por profissionais qualificados são as chaves para uma transição segura e eficiente, garantindo a modernização dos espaços e a valorização do patrimônio. 

Fonte: revista O Síndico Edição 60

Recarga dos Carros Elétricos: Desenho de Mercado

O brasileiro é apaixonado por carros. Mas, por ser uma tecnologia disruptiva, não dá para pensar no mercado dos veículos elétricos com a mesma mentalidade do veículo à combustão. 

Levantamento de vendas globais de carros elétricos entre 2012 e 2021.

Panorama do mercado

As vendas globais estão aumentando ano a ano, mas o Brasil ainda está atrasado em relação aos principais países. No entanto a tendência é que com a queda dos preços e o início da produção nacional, os carros elétricos passem a ganhar casa vez mais destaque nas ruas brasileiras. 

O Mercado para veículos elétricos no Brasil começou com as classes mais altas, as grandes empresas e nas grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, mas a tendência daqui para frente é de uma maior pulverização desses números. 

Vai faltar energia para os carros elétricos ??? 

Temos energia sobrando no Brasil. São 200 GW (giga Watts) de potencial de geração com uma demanda máxima de 102 GW e ainda assim por curtos períodos, quando há ondas de calor na maior parte do país. E nossa matriz elétrica é das mais limpas do mundo, com 85 % da Energia gerada através de fontes renováveis. Com tudo isso, temos uma grande vantagem competitiva em relação à maioria dos países. 

Classificação dos Veículos Elétricos 

Podemos classificar o mercado dos veículos elétricos em 3 grandes grupos: 

  1. Transporte comercial: veículos pesados, como caminhões e ônibus e até mesmo pequenos veículos de carga. 
  2. Transporte pessoal: individual ou familiar, conhecido como carro de passeio. 
  3. Pequenos veículos elétricos: motos e bicicletas elétricas e suas variações. 

Quando nos referirmos aos automóveis individuais e familiares, de passeio, vamos usar o termo carro elétrico. E quando falarmos de uma forma geral, dos três grandes grupos vamos nos referir à veículos elétricos. 

No grupo de pequenos veículos elétricos como motos e bikes não haverá maiores problemas quanto ao carregamento. Eles transitam, em sua maioria, num raio curto e serão recarregados em casa mesmo, com baixa potência, não requerendo grandes esforços ou investimento em infraestrutura. 

Os veículos pesados, destinados ao ramo dos transportes, deverão ter sua rede própria de recarga, normalmente dentro das garagens das empresas, com transformadores dedicados, quilometragem diária bem definida e, portanto, recarga planejada, dentro das próprias empresas e dificilmente recorrerão aos eletropostos comerciais. 

Maiores preocupações, portanto, terão os veículos de uso individual e familiar, os carros elétricos. 

Recarga residencial 

Nas habitações unifamiliares, as casas tradicionais, o proprietário do carro elétrico não encontrará dificuldades para carregar seu veículo a qualquer hora, sem precisar modificar sua rede elétrica, usando recarga lenta, com corrente de 16 amperes e potência de 3,5 kW. No máximo poderá ter alguma restrição no uso simultâneo com o chuveiro elétrico ou se sua rede for monofásica, em 127 Volts. Mesmo para recarga de 32 amperes e 7 kW, pouca adaptação será necessária. 

O drama dos Condomínios 

Já nos Condomínios residenciais há o problema da simultaneidade da recarga, que poderá sobrecarregar a rede elétrica do Condomínio, fazendo o disjuntor geral desligar e deixar todos os moradores sem energia. 

Antes mesmo de começar a instalar carregadores, o Condomínio precisar fazer a Análise Energética da sua rede elétrica. Esse estudo, também chamado de Diagnóstico Energético, deve ser feito por um Engenheiro com formação na área elétrica e especialista em medições elétricas. Todo o cuidado deve ser tomado com a venda casada. Quem vende ou instala carregadores não deve fazer o Estudo Energético, pois há conflito de interesses. 

A Análise Energética definirá quantos carros elétricos poderão ser carregados de forma simultânea em cada faixa de horário, com segurança, sem sobrecarregar a rede elétrica, com ou sem restrição da potência da recarga (tempo de carregamento mais lento). 

Mudança de paradigma

A tendência é que a maioria dos proprietários de carros elétricos deixe o seu veículo carregando durante a noite, mesmo em carga lenta e não tenha problemas em rodar bastante no dia seguinte. Ou carregue apenas o necessário, durante outros horários, sem chegar aos 100% da bateria, apenas para atender sua necessidade diária. Isso a um custo em torno de R$ 0,96 por kWh. Já quando precisar viajar ou tiver alguma urgência, aí sim recorrerá a um eletroposto externo. 

Em Belo Horizonte (MG), por exemplo, uma empresa está instalando eletropostos pagos com potência de 50 kW, suficiente para carregar 100 % da bateria dos modelos de carros elétricos atuais em cerca de 30 minutos e cobrando R$ 2,10 pelo kWh. 

Segundo informações, o investimento da empresa nesses eletropostos de 50 kW é de 600 mil reais por estação de recarga. 

Outros eletropostos com maiores potências já estão em funcionamento pelo Brasil, com tempos de recarga menores e consequentemente tarifas maiores, já que o investimento inicial também será maior e o serviço melhor, ou seja, mais rápido. 

Posto de combustível para carros elétricos.

Um novo desenho de mercado 

Tudo isso já mostra como deve ser o desenho desse novo mercado, em que o proprietário do carro elétrico escolherá entre a economia da recarga doméstica ou o maior custo,  com o menor tempo da recarga. 

Vemos então que o atual modelo de venda de combustíveis, em que o produto (teoricamente) é igual ou muito parecido e o consumidor busca o menor preço dentro do seu raio de deslocamento será substituído por um novo desenho de mercado, em que serão considerados planejamento ou urgência e menores tempos de recarga com maiores tarifas.

 

FONTE: Adriano Pascoal graduou-se em Engenharia Elétrica, com Ênfase em Eletricidade Industrial, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, onde também lecionou na Faculdade de Engenharia entre 2006 e 2012. É Consultor e Palestrante em Gestão Energética desde 2011, com diversos Diagnósticos Energéticos realizados, principalmente em Indústrias, Hospitais e Condomínios e Autor do Livro Gestão da Energia Elétrica em Sistemas de Baixa Tensão.