
ESCRITO POR: João Alberto Britto.
CEO e Diretor Executivo da J A Consultoria, com vasta experiência na área de Segurança Corporativa. É Administrador de Empresas com ênfase em Comércio Exterior e possui diversas especializações: Inteligência Estratégica, Gestão de Crises Corporativas, Marketing Estratégico, Business Security e Gestão de Condomínios. Durante 20 anos atuou na Gerência de Segurança, Risco e Inteligência do Banco do Brasil, onde também foi educador corporativo e perito judicial. Além disso, conta com formações complementares em Segurança da Informação, Auditoria e Diagnóstico em Segurança, e Segurança em Condomínios, sendo egresso da 8ª Turma de Inteligência de Segurança Pública do SSPRJ. Atualmente, dedica-se à consultoria em segurança e à formação de profissionais e empresas na área, unindo experiência prática e sólida formação académica.
O furto de cabos de energia que passam pelos postes das ruas tornou-se uma cena cada vez mais comum nas grandes cidades brasileiras. Além do prejuízo financeiro às concessionárias, esse tipo de crime provoca apagões, riscos de choque elétrico, e afeta diretamente a segurança e a mobilidade dos moradores e condomínios vizinhos. Portões deixam de funcionar, sistemas de câmeras e cercas elétricas são interrompidos, e até a iluminação pública se torna falha, abrindo brechas para outras ações criminosas.
Embora os postes e redes externas não pertençam ao condomínio, o síndico pode e deve agir de forma estratégica, tanto antes quanto depois da ocorrência, adotando medidas que reforçam a prevenção, auxiliam as autoridades e protegem o entorno do patrimônio coletivo.
1 – Ações preventivas: o papel ativo do condomínio
Mapeamento e observação
O primeiro passo é mapear os pontos de vulnerabilidade no entorno do condomínio, como postes com cabeamento exposto, áreas com pouca iluminação e locais com histórico de furtos. O síndico deve contratar um consultor ou empresa de diagnóstico de segurança especializada em identificar vulnerabilidades e propor soluções. Algumas das informações devem ser repassadas em um relatório simples de risco perimetral a prefeitura ou concessionária. Avaliar a instalação de câmeras externas de alta resolução, capazes de cobrir a calçada e o entorno imediato. Estas e outras soluções de segurança devem ser propostas ao condomínio pelo profissional de segurança especializado.
Iluminação e vigilância
Mesmo que o poste seja público, a iluminação complementar feita pelo condomínio, como refletores ou balizadores de fachada voltados para a rua, ajuda a aumentar a visibilidade e inibir a ação de criminosos. Da mesma forma, câmeras voltadas para o portão ou fachada podem captar indiretamente a via pública, registrando movimentações suspeitas sem ferir o direito à privacidade.
Comunicação com a concessionária e órgãos públicos
Síndicos podem formalizar junto à concessionária de energia protocolos de solicitação de vistoria e troca de cabos expostos, além de relatar tentativas de furto ou fios soltos. Quando o condomínio mostra recorrência de ocorrências, as equipes técnicas tendem a priorizar a região. A comunicação com a Guarda Municipal e a Subprefeitura também é estratégica, quanto mais registros oficiais existirem, mais fácil é justificar instalações de câmeras públicas e reforço na iluminação viária.
Contrate empresa de monitoramento de alarme
Tenha alarmes sonoros que podem ser acionados em caso de movimentação suspeita
Campanhas educativas
Estimular moradores e funcionários a relatarem atividades suspeitas (como falsos técnicos ou movimentações noturnas próximas aos postes) é uma ação simples que salva vidas. Distribuir comunicados breves e informativos pelo grupo de mensagens do condomínio ajuda a criar vigilância participativa.
2 – Durante o evento: o que o síndico deve (e não deve) fazer
Ao perceber um furto em andamento, o síndico jamais deve se aproximar ou intervir. Criminosos especializados nesse tipo de crime geralmente trabalham em duplas ou trios, utilizando escadas e uniformes falsos. O ideal é registrar discretamente fotos ou vídeos à distância, acionar a Polícia Militar (190) e, se possível, a concessionária de energia, informando o poste ou local exato.
A prioridade deve ser preservar a própria segurança e a dos moradores, mantendo todos afastados da rede elétrica, já que cabos rompidos podem permanecer energizados e causar acidentes graves.
3 – Após o furto: medidas corretivas e estratégicas
Registrar um boletim de ocorrência detalhado, mencionando o impacto para o condomínio e a região ( o registro cria a “Mancha Criminal”). Encaminhar cópia do B.O. à concessionária, solicitando reposição do cabeamento e reforço na fiscalização. Manter contato com associações de bairro, para propor ações conjuntas de monitoramento comunitário. Emitir comunicado oficial aos condôminos, esclarecendo o ocorrido e reforçando as orientações de segurança.
A comunicação pós-evento é tão importante quanto a prevenção. Um síndico que mantém os condôminos informados demonstra gestão ativa e preocupação genuína com a coletividade.
Conclusão
O furto de cabos de energia em vias públicas vai além do dano material: é um ataque à infraestrutura urbana, transtorno aos moradores e até atinge à sensação de segurança. Diante dessa realidade, o síndico moderno precisa compreender que seu papel não se limita ao portão do condomínio. Ele é um agente de segurança comunitária, capaz de articular moradores, concessionárias e autoridades em torno de um objetivo comum: proteger pessoas, patrimônio e serviços essenciais.










