Alerta Máximo: Furtos de Cabos da Rede Elétrica

A Revista O Síndico ouviu o síndico profissional Jamil Zaidem (à esquerda), que compartilhou a sua experiência prática sobre o tema, e o especialista em segurança João Alberto (à direita), que apresentou um checklist especial de prevenção e ação para situações de furto de cabos na rede elétrica.

 

Veja o checklist de prevenção e ação para proteger o seu condomínio.

O furto de cabos de energia elétrica nas vias públicas de Juiz de Fora consolidou-se como uma ameaça constante à segurança e ao funcionamento dos condomínios. Longe de ser apenas um problema da concessionária, a interrupção súbita do fornecimento de energia afeta portões eletrônicos, sistemas de monitoramento (câmeras e cercas elétricas) e a iluminação, criando um “apagão” de segurança que facilita outras ações criminosas.

A Polícia Militar, em operação realizada em setembro deste ano, conseguiu recuperar mais de uma tonelada de fios de cobre furtados na cidade, indicando a dimensão do problema. Em resposta a esta questão, que aumentou ainda mais de proporção este ano, o Município de Juiz de Fora sancionou a Lei nº 15.130/2025, que estabelece sanções e regras mais rígidas para o comércio de materiais metálicos (como fios de cobre), dificultando a receptação.

Apesar dos esforços, a ação dos criminosos, muitas vezes disfarçados de pessoas em situação de rua ou técnicos, continua. O síndico profissional Jamil Zaidem relata ter sofrido três furtos em uma única semana em edifícios que administra nos bairros Mundo Novo, Paineiras e São Mateus.

“No Paineiras, o furto aconteceu numa sexta-feira, por volta das 11h da manhã. No condomínio do Mundo Novo, o prejuízo chegou a R$ 2.500 considerando apenas cabos e mão de obra. Já no São Mateus, eles foram ainda mais descarados: cortaram o cabo com uma serra, sem sequer cobrir o rosto”, relata Jamil Zaidem.

Checklist de Ação 

Diante do cenário, o papel do síndico ultrapassa o portão do condomínio, exigindo uma postura de agente de segurança comunitária. O Consultor Master de Segurança, João Alberto, diretor da J A Consultoria de Segurança, orienta sobre as melhores práticas. 

“O síndico pode e deve agir de forma estratégica, tanto antes quanto depois da ocorrência, adotando medidas que reforçam a prevenção, auxiliam as autoridades e protegem o entorno do patrimônio coletivo”, explica.

Confira as orientações a seguir:

 

Ações Preventivas 

  1. Mapeie vulnerabilidades: conte com um consultor para identificar pontos de risco no entorno.
  2. Reforce a iluminação: use refletores ou balizadores voltados para a rua e calçadas.
  3. Aprimore a vigilância: instale câmeras externas de alta resolução e alarmes sonoros.
  4. Atue em parceria: solicite vistorias à concessionária de energia e comunique cada ocorrência à Guarda Municipal. Esses registros oficiais ajudam a mapear os riscos e podem estimular ações públicas de segurança.
  5. Engaje a comunidade: oriente moradores e funcionários a relatar qualquer movimentação suspeita.

Durante o Evento 

  • NÃO INTERVENHA: Jamais se aproxime ou confronte os criminosos. 
  • Acione a Polícia Militar (190): Ligue informando o local exato da ocorrência.
  • Registre à Distância: Se possível, faça discretamente fotos ou vídeos para auxiliar na investigação policial.
  • Isole a Área: Afaste os moradores de cabos rompidos que podem permanecer energizados e causar acidentes graves.

Após o Furto

  1. Boletim de Ocorrência (B.O.): Registre um B.O. detalhado, mencionando o impacto direto no condomínio (portão inoperante, câmeras desligadas). O B.O. cria a ‘Mancha Criminal’, essencial para o planejamento de segurança pública.
  2. Comunicação com Concessionária: Encaminhe o B.O., solicitando a reposição urgente do cabeamento e reforço na fiscalização da área.
  3. Comunique Condôminos: Envie um comunicado oficial, esclarecendo o ocorrido, o que foi feito e reforçando as orientações de segurança.

A gestão ativa e a articulação com a vizinhança, concessionárias e autoridades são a chave para transformar o condomínio em uma fortaleza contra a criminalidade.

Fonte: Revista O Síndico Edição 62

Furto de cabos em vias públicas: o que o condomínio e o síndico podem fazer para prevenir e reagir a esse tipo de crime

ESCRITO POR: João Alberto Britto. 

CEO e Diretor Executivo da J A Consultoria, com vasta experiência na área de Segurança Corporativa. É Administrador de Empresas com ênfase em Comércio Exterior e possui diversas especializações: Inteligência Estratégica, Gestão de Crises Corporativas, Marketing Estratégico, Business Security e Gestão de Condomínios. Durante 20 anos atuou na Gerência de Segurança, Risco e Inteligência do Banco do Brasil, onde também foi educador corporativo e perito judicial. Além disso, conta com formações complementares em Segurança da Informação, Auditoria e Diagnóstico em Segurança, e Segurança em Condomínios, sendo egresso da 8ª Turma de Inteligência de Segurança Pública do SSPRJ. Atualmente, dedica-se à consultoria em segurança e à formação de profissionais e empresas na área, unindo experiência prática e sólida formação académica.

O furto de cabos de energia que passam pelos postes das ruas tornou-se uma cena cada vez mais comum nas grandes cidades brasileiras. Além do prejuízo financeiro às concessionárias, esse tipo de crime provoca apagões, riscos de choque elétrico, e afeta diretamente a segurança e a mobilidade dos moradores e condomínios vizinhos. Portões deixam de funcionar, sistemas de câmeras e cercas elétricas são interrompidos, e até a iluminação pública se torna falha, abrindo brechas para outras ações criminosas.

Embora os postes e redes externas não pertençam ao condomínio, o síndico pode e deve agir de forma estratégica, tanto antes quanto depois da ocorrência, adotando medidas que reforçam a prevenção, auxiliam as autoridades e protegem o entorno do patrimônio coletivo.

1 – Ações preventivas: o papel ativo do condomínio

Mapeamento e observação

O primeiro passo é mapear os pontos de vulnerabilidade no entorno do condomínio, como postes com cabeamento exposto, áreas com pouca iluminação e locais com histórico de furtos. O síndico deve contratar um consultor ou empresa de diagnóstico de segurança especializada em identificar vulnerabilidades e propor soluções. Algumas das informações devem ser repassadas em um relatório simples de risco perimetral a prefeitura ou concessionária. Avaliar a instalação de câmeras externas de alta resolução, capazes de cobrir a calçada e o entorno imediato. Estas e outras soluções de segurança devem ser propostas ao condomínio pelo profissional de segurança especializado.

Iluminação e vigilância

Mesmo que o poste seja público, a iluminação complementar feita pelo condomínio, como refletores ou balizadores de fachada voltados para a rua, ajuda a aumentar a visibilidade e inibir a ação de criminosos. Da mesma forma, câmeras voltadas para o portão ou fachada podem captar indiretamente a via pública, registrando movimentações suspeitas sem ferir o direito à privacidade.
Comunicação com a concessionária e órgãos públicos
Síndicos podem formalizar junto à concessionária de energia protocolos de solicitação de vistoria e troca de cabos expostos, além de relatar tentativas de furto ou fios soltos. Quando o condomínio mostra recorrência de ocorrências, as equipes técnicas tendem a priorizar a região. A comunicação com a Guarda Municipal e a Subprefeitura também é estratégica, quanto mais registros oficiais existirem, mais fácil é justificar instalações de câmeras públicas e reforço na iluminação viária.
Contrate empresa de monitoramento de alarme
Tenha alarmes sonoros que podem ser acionados em caso de movimentação suspeita

Campanhas educativas

Estimular moradores e funcionários a relatarem atividades suspeitas (como falsos técnicos ou movimentações noturnas próximas aos postes) é uma ação simples que salva vidas. Distribuir comunicados breves e informativos pelo grupo de mensagens do condomínio ajuda a criar vigilância participativa.

2 – Durante o evento: o que o síndico deve (e não deve) fazer

Ao perceber um furto em andamento, o síndico jamais deve se aproximar ou intervir. Criminosos especializados nesse tipo de crime geralmente trabalham em duplas ou trios, utilizando escadas e uniformes falsos. O ideal é registrar discretamente fotos ou vídeos à distância, acionar a Polícia Militar (190) e, se possível, a concessionária de energia, informando o poste ou local exato.
A prioridade deve ser preservar a própria segurança e a dos moradores, mantendo todos afastados da rede elétrica, já que cabos rompidos podem permanecer energizados e causar acidentes graves.

3 – Após o furto: medidas corretivas e estratégicas

Registrar um boletim de ocorrência detalhado, mencionando o impacto para o condomínio e a região ( o registro cria a “Mancha Criminal”). Encaminhar cópia do B.O. à concessionária, solicitando reposição do cabeamento e reforço na fiscalização. Manter contato com associações de bairro, para propor ações conjuntas de monitoramento comunitário. Emitir comunicado oficial aos condôminos, esclarecendo o ocorrido e reforçando as orientações de segurança.
A comunicação pós-evento é tão importante quanto a prevenção. Um síndico que mantém os condôminos informados demonstra gestão ativa e preocupação genuína com a coletividade.

Conclusão

O furto de cabos de energia em vias públicas vai além do dano material: é um ataque à infraestrutura urbana, transtorno aos moradores e até atinge à sensação de segurança. Diante dessa realidade, o síndico moderno precisa compreender que seu papel não se limita ao portão do condomínio. Ele é um agente de segurança comunitária, capaz de articular moradores, concessionárias e autoridades em torno de um objetivo comum: proteger pessoas, patrimônio e serviços essenciais.