Entrevista com Dr. Vander Andrade: A Voz da Profissionalização Condominial
24 nov | 5 minutos de leitura
Especialista afirma que síndicos e gestores precisam se capacitar para lidar com a complexidade atual.
Dr. Vander Andrade é uma das maiores autoridades do Direito Condominial no Brasil, atuando como advogado, professor, palestrante e autor de livros como o “Manual do Síndico Profissional”. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP, e Pós-Doutor em Direito Constitucional Europeu, ele é CEO do Instituto Vander Andrade, focado em capacitação para síndicos e gestores. Sua contribuição é essencial para a profissionalização do segmento. Ele será uma das atrações especiais do Dia do Síndico, em 29 de novembro! A seguir, acompanhe a entrevista exclusiva dada à Revista O Síndico.
O Síndico: Qual a importância de formalizar o ensino para síndicos e gestores?
Dr. Vander Andrade: É muito importante que nós tenhamos em mente que tanto os síndicos, como os gestores de toda ordem, precisam se capacitar, precisam se profissionalizar, justamente pelo fato de que hoje a complexidade em que os condomínios se encontram não admitem experiências, nem aventuras, não permitem riscos acima dos admissíveis. Portanto, quando você se capacita e obtém conhecimento, você minimiza esses riscos e traz um modelo profissional de gestão.
Qual a visão central do Instituto Vander Andrade para o setor?
O Instituto Vander Andrade tem um objetivo de trazer o conhecimento que não se encontra disponível no mercado.. Eu me refiro, por exemplo, ao conhecimento da LGPD, aos cursos de assembleias de condomínios. São cursos curtos para uma formação permanente, atualizadora. A ideia do Instituto também é de trazer o acesso mediante preços muito acessíveis de cursos sobre o dia a dia da gestão e do direito condominial.
Como sua atuação na OAB/SP melhora a legislação condominial?
A nossa atuação na Ordem dos Advogados do Brasil nos permite também colaborar com os colegas. Então eu transito em muitas subseções como convidado para trazer reflexões, ponderações, temas de interesse, assuntos palpitantes do dia a dia da advocacia condominial. E uma das características dos eventos da OAB é justamente abrir as portas não só para os advogados, mas também para todo o público que gira no entorno dos condomínios, como é o caso dos síndicos, das administradoras de condomínios. Portanto, esse público heterogêneo tem um grande espaço na OAB e esse encontro se viabiliza por meio destes eventos.

Qual a mudança, na sua visão, mais importante no mercado condominial recente?
Quando se fala em mudança no mercado condominial, eu falo no plural. Eu me refiro ao impacto das tecnologias, e essas tecnologias estão presentes em diversas nuances da gestão de condomínios. Quando você fala, por exemplo, na locação por aplicativos, nos mercadinhos autônomos, nas portarias remotas. Repare que em cada uma destas novas ferramentas, a tecnologia está presente. Portanto, para mim, a mais importante novidade é o impacto das novas tecnologias e o novo modo de viver e de administrar os condomínios.
Dê um conselho jurídico fundamental para um síndico novato.
Entender os modelos de gestão. Visitar os condomínios. Acompanhar o processo de gestão. Estudar e se preparar para o exercício desta função. Entender as nuances da responsabilidade. Portanto, a partir desta visão global, ele começa a dar os primeiros passos para iniciar a sua jornada como síndico profissional ou síndico orgânico.
Quais três grandes tendências para o futuro da gestão condominial?
Primeiro, o fortalecimento das assembleias condominiais. Daqui para frente, nós vamos ter um grande fortalecimento da força normativa das assembleias. O segundo é a solução negociada dos conflitos. O Poder Judiciário está muito abarrotado e nós precisamos encontrar soluções para alcançar a paz dentro dos condomínios. E o terceiro é a profissionalização dos síndicos e das assessorias técnicas. Os condomínios não mais trabalharão com pessoas despreparadas. Eles estarão cobrando e exigindo cada vez mais síndicos profissionais preparados, assessorias técnicas especializadas. Como exemplo, os arquitetos, os engenheiros, os advogados e as administradoras.
Quais as habilidades, além das legais, são essenciais para o síndico de hoje?
Dentre as habilidades do síndico atual, eu reforçaria as soft skills, as habilidades e competências que têm que ser desenvolvidas. Uma delas é a escuta ativa. A outra é a proatividade e a outra é a criatividade. Essas três soft skills, ao lado de tantas outras, ocupam e ocuparão um papel de proeminência na gestão de condomínios. Daí porque o síndico tem que desenvolver essas potencialidades.
O que o senhor vê como sua contribuição mais impactante para o setor condominial?
Eu acredito que a minha contribuição tem sido para a necessidade da constante capacitação, constante aprimoramento e um subir de régua. Ou seja, trazer a gestão para um nível mais elevado de alta performance, na linha das expectativas dos condôminos que estão aumentando, estão se tornando cada vez mais exigentes. Em termos de deixar um legado para o segmento, eu penso que a ideia realmente é trazer para o âmbito dos espaços de formação, um aprimoramento de todos os setores, de todos os profissionais. Se nós tivermos aprimorado, melhorado, formado, capacitado os nossos profissionais, acredito que esse terá sido um legado importante.
Como você lida com a responsabilidade de ser uma voz influente no ramo?
Eu não penso na importância de ser uma voz influente. Eu penso na importância de estar humildemente aprendendo constantemente, com o coração aberto, com a mente aberta para o aprendizado, e ter também a energia para ajudar na solução dos problemas, que são muitos, e a preocupação em fazer com que as soluções sejam as mais eficientes possíveis.
Fonte: Revista O Síndico Edição 62













